sábado, 19 de maio de 2018

PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO ESPÍRITO SANTO



A Santa Madre Igreja ensina-nos a rezar: "Vinde Espírito Criador, visitai as almas daqueles que são vossos; enchei de graça infinita os seus corações". Caríssimos, quais são os motivos destes santos desejos? Percorrendo os mistérios de nossa salvação, vemos como as três Pessoas da Santíssima Trindade, por assim dizer, fazem da felicidade do homem a sua ocupação especial e contínua. Amemos a Deus, porque Ele nos amou primeiro. É por causa de nós que o Pai criou tudo pelo seu poder, e conserva e dirige tudo pela sua Providência. É por causa de nós que o Filho é Salvador, e o Espírito Santo completa a obra da nossa salvação com as graças santificantes que nos prodigaliza. Caríssimos, como poderíamos ficar insensíveis diante deste amor infinito das três Pessoas divinas?! Devemos render a cada uma um culto particular, pelos benefícios que recebemos delas. Pois bem, o tempo de Pentecostes é destinado a este culto especial ao Divino Espírito Santo. Pois, é ele que sugere à Igreja as piedosas devoções que ela fomenta ou ordena. Devemos desejar ardentemente a visita do divino Paráclito: "Veni Creator Spíritus, mentes tuorum visita, imple superna gratia quae tu creasti pectora".

"O mesmo Espírito, dizia Bourdaloue, que desceu visivelmente sobre os Apóstolos, desce ainda atual e verdadeiramente sobre nós, não com o mesmo esplendor nem com os mesmos prodígios, mas com os mesmos efeitos de conversão e santificação" (Exórdio do Sermão do Espírito Santo). Assim, podemos dizer que, enquanto quase todas as festas do ano se limitam a lembrar-nos um mistério, cumprido de uma vez para sempre (como por ex. o Santo Natal); quando estamos preparados, a festa do Pentecostes é para nós uma nova realização deste mistério.

O Espírito Santo purifica-nos, ilumina-nos, abrasa-nos no divino amor e põe-nos em estado de realizar todos os desígnios da misericórdia do Senhor relativamente à nossa salvação. Pela fé, esperança e caridade, de que Ele é o princípio em nós, coloca-nos na posse de Jesus Cristo; pois, aplica-nos seus merecimentos, constitui-nos seus membros, comunica-nos sua vida, e imprime assim o selo à nossa redenção, que Ele completa. É como que uma fonte divina, que se infunde na alma por sete admiráveis canais: são os seus sete dons. Três deles aperfeiçoam a vontade: o temor de Deus, a piedade e a fortaleza; os outros quatro, que são o conselho, a ciência, a sabedoria e a inteligência, operam de um modo imediato sobre a nossa inteligência. Assim, o TEMOR DE DEUS, temor filial que torna uma alma timorata (não escrupulosa) e delicada em matéria de infidelidades, e lhe inspira sumo respeito para com a Divina Majestade. A PIEDADE nos dá o gozo espiritual que nos faz experimentar em todos os exercícios que se referem à honra e ao serviço de Deus na meditação, na oração vocal, e também nos cânticos espirituais etc. A FORTALEZA é a coragem que nos faz desprezar todos os bens, todos os males da vida presente, e nos tornar capazes dos mais generosos sacrifícios. O dom do CONSELHO:  por ele o Espírito Santo fala-nos, ora como um amigo que dá conselho ao seu amigo nas ocorrências difíceis, sugerindo-nos um ótimo expediente para sairmos delas; ora, como um mestre que nos ensina a mais nobre de todas as ciências, a CIÊNCIA dos Santos, com a qual nós julgamos discretamente de todas as coisas, dando-lhes exatamente o grau de estima ou de desprezo que lhes é devido. Assim, descobrimos claramente o nada de tudo o que passa; vemos na pobreza o preço de um reino eterno, nas enfermidades do corpo a saúde da alma, na mesma morte um princípio de imortalidade. O dom da SABEDORIA preserva-nos da horrível loucura dos pecadores no que respeita à salvação; retira as nossas afeições das criaturas para as levar para Deus; eleva os nossos corações de terra ao Céu. O dom da INTELIGÊNCIA ou ENTENDIMENTO faz-nos penetrar os mistérios e dá-nos uma luz tão viva, que a fé torna-se tão forte como se a gente estivesse no Céu vendo o que cremos. Este dom, outrossim, tira toda obscuridade àquelas verdades práticas, cruciantes para a natureza, como são a abnegação e o amor da cruz. Ele faz-nos compreender o que os mundanos sempre ignorarão, isto é, como pode achar-se a felicidade nos sofrimentos, a honra no desprezo, e como são os Santos os únicos sábios nesta terra.

Caríssimos, devemos alimentar em nós a firme esperança de obter a visita do Espírito Santo. E esta esperança funda-se na mesma natureza do Espírito Santo, nos direitos mais incontestáveis e nas promessas mais infalíveis. "Bonum est sui diffusivum", "O que é bom, procura comunicar-se"; ora, o Espírito Santo é a mesma Bondade; é como o coração de Deus. Além disso, pedindo o Espírito Santo, na verdade, estamos reclamando o nosso bem, pois Ele nos foi obtido pela morte de Jesus Cristo. Temos também as promessas de Deus que não podem enganar-nos. Caríssimos, por nós mesmos não podemos absolutamente nada, em ordem à salvação. Só o Espírito Santo é que pode ajudar eficazmente nossa fraqueza! Desejemos, portanto, ardentemente a vinda e permanência em nós deste Doce Hóspede Divino!!! Diz S. Gregório Nazianzeno: "Sitit sitiri", quer dizer em português: "Deus tem sede da nossa sede". Obriguemo-Lo, pedindo-Lhe que nos obrigue. Amém!


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