quinta-feira, 16 de julho de 2020

ORIGENS DA ORDEM CARMELITANA

Era o ano 860 antes de Cristo. As Sagradas Escrituras no 1º Livro dos Reis, XVIII, 16 a 45 assim nos narram: "Acab saiu a encontrar-se com Elias. E, vendo-o, disse: Porventura és tu aquele que trazes perturbado Israel? Elias respondeu: Não sou eu que perturbei Israel, mas és tu e a casa de teu pai, por terdes deixado os mandamentos do Senhor, e por terdes seguido Baal. Mas, não obstante, manda agora, e faze juntar todo o povo de Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, os quatrocentos profetas dos bosques, que comem da mesa de Jezabel. Mandou, pois, Acab chamar todos os filhos de Israel e juntou os profetas no monte Carmelo.


  Elias, aproximando-se de todo o povo disse: Até quando claudicareis vós para dois lados? Se o Senhor é Deus, segui-o; se, porém, é Baal, segui-o. O povo não respondeu palavra. Elias tornou a dizer ao povo: Eu sou o único que fiquei dos profetas do Senhor; mas os profetas de Baal chegam a quatrocentos e cinquenta homens. Deem-nos dois bois: escolham eles para si um boi, e, fazendo-o em pedaços, ponham-no sobre a lenha, mas não lhe ponham fogo por baixo; eu tomarei o outro boi, pô-lo-ei sobre a lenha e também não lhe porei fogo por baixo. Invocareis vós os nomes dos vossos deuses, e eu invocarei o nome do meu Senhor. O Deus que ouvir, mandando fogo, esse seja considerado o ( verdadeiro ) Deus. Todo o povo, respondendo, disse: Ótima proposta. Disse, pois Elias aos profetas de Baal: Escolhei para vós um boi e começai vós primeiro, porque sois em maior número; invocai os nomes dos vossos deuses e não ponhais fogo por baixo.

  
Eles,pois, tomando o boi que lhes foi dado, sacrificaram-no, e invocaram o nome de Baal, desde manhã até o meio-dia dizendo: Baal, ouve-nos. Mas não se percebia voz, nem havia quem respondesse. E saltavam diante do altar que tinham feito. Sendo já meio-dia, Elias escarnecia-os, dizendo: Gritai mais alto, porque ele é um deus, e talvez esteja falando em alguma estalagem, ou em viagem, ou dorme e necessita que o acordem. Eles, pois, gritavam em alta voz, e retalhavam-se segundo o seu costume, com canivetes e lancetas, até se cobrirem de sangue. Mas, passado o meio-dia, e enquanto eles profetizavam, chegou o tempo em que era costume oferecer-se o sacrifício, e não se ouvia voz, nem havia quem respondesse, nem ouvisse os seus rogos. Disse Elias a todo o povo: Aproximai-vos de mim. Aproximando-se o povo dele, Elias reparou o altar do Senhor, que tinha sido destruído. Tomou doze pedras, segundo o número das tribos dos filhos de Jacó, a quem o Senhor dirigira a sua palavra, dizendo: Israel será o teu nome. Com estas pedras edificou um altar em nome do Senhor. Fez um regueiro como dois pequenos sulcos, em volta do altar, acomodou a lenha, dividiu o boi em quartos, pô-lo sobre a lenha, e disse: Enchei de água quatro talhas, entornai-as sobre o holocausto e sobre a lenha. Disse outra vez: Fazei isto ainda segunda vez. E, tendo-o eles feito segunda vez, disse: Fazei ainda terceira vez, isto mesmo. Eles o fizeram terceira vez. As águas corriam em volta do altar e o regueiro encheu-se.

   Sendo já o tempo de se oferecer o holocausto, chegando-se o profeta Elias, disse: Ouve-me, Senhor, ouve-me, para que este povo aprenda que tu és o Senhor Deus e que converteste novamente o seu coração.

   O fogo do Senhor baixou do céu, devorou o holocausto, a lenha e as pedras, consumindo o mesmo pó e a água que estava no regueiro. Todo povo vendo isto, prostrou-se com o rosto em terra e disse: O Senhor é o Deus! O Senhor é o Deus! Elias disse-lhes: Apanhai os profetas de Baal, não escape deles nem um só. Tendo-os o povo agarrado, Elias levou-os à torrente de Cison, onde os matou.

   Elias disse a Acab: Vai, come e bebe, porque já se ouve o ruído duma grande chuva. Acab retirou-se a comer e beber; Elias, porém, subiu ao alto do Carmelo, e, inclinado por terra, pôs o seu rosto entre os joelhos, e disse ao seu criado: Vai e olha para o lado do mar. Tendo este ido e tendo olhado, disse: Não há nada. Elias disse-lhe segunda vez: Torna a ir sete vezes. À sétima vez, eis que se levanta do mar uma pequena nuvem, como a pegada dum homem. Disse-lhe Elias: Vai e dize a Acab: Manda atrelar os cavalos no seu carro e corre, não te apanhe a chuva.
   E, quando ele voltava para uma e para outra parte, eis que se cobriu o céu de trevas, vieram nuvens e vento e caiu uma grande chuva". Até aqui as palavras das Sagradas Escrituras. ( 1Reis, XVIII, 16 a 45 ).

   Esmagada que foi a cabeça do demônio que suscitara a idolatria, destruído aquele nefasto ecumenismo, exterminados os falsos profetas, apareceu no céu o sinal da Virgem, e na terra, terão início a sua Ordem e o seu culto, oitocentos e poucos anos antes de seu nascimento.

   Num futuro não tão longe, doutores da Igreja como Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São João Damasceno e outros, explicarão ao mundo como esta nuvenzinha, erguendo-se pura do mar amargo, e deixando atrás as impurezas do mar, é figura de uma Virgem Imaculada, que sairá pura do mar da humanidade, liberta de toda impureza do pecado original.

   Dois mil e cento e dez anos mais tarde, São Luiz IX, rei de França, ouviu falar da santidade de certos monges do Carmelo, dos quais alguns haviam emigrado para a Europa, por causa das vitórias dos sarracenos na Palestina. E São Luiz IX foi a Palestina , subiu o Monte Carmelo. Desejava conhecer aqueles monges que a si mesmos se denominavam Eremitas de Santa Maria do Monte Carmelo. Queria-os também em França e ficou maravilhado ao ouvir da boca daqueles monges o relato da tradição da Ordem. Dizem que são descendentes do profeta Elias. E este lhes ensinara que vira numa nuvem com a forma de pegada humana, que pelo poder divino, se levantara do mar, uma imagem profética da Virgem Maria Imaculada, a qual havia de trazer a salvação dos homens, e vencer o orgulho de satanás, com o seu calcanhar de humildade. Elias ensinara a seus discípulos a implorar a vinda desta Virgem, dizendo que a planta do pé que a nuvem apresentava manifestava em si a maldição divina contra o demônio. "Porei inimizades entre ti e a mulher; entre a tua descendência e a descendência dela: tu armarás ciladas ao seu calcanhar e Ela esmagará a tua cabeça". ( Gen. III, 15 ).

   Contaram, também, a São Luiz IX que, na plenitude dos tempos, tendo aparecido a Virgem Imaculada, e depois da Encarnação do Verbo, a própria Virgem Maria se dignou visitá-los; e a Sagrada Família ao voltar de seu exílio de sete anos no Egito, havia descansado algum tempo com eles. Por eles fora construída ali no Monte Carmelo, a primeira capela do mundo dedicada à Mãe de Deus.

   São Luiz IX ficou edificado e cheio de reverência ao ver a santidade daqueles monges e ao ouvir este relato.

   E uns trinta anos antes da ida de São Luiz IX ao Monte Carmelo, alguns destes monges haviam se transferido para a Inglaterra. Ali tinha-se-lhes reunido um homem muito santo chamado Simão. Recebera o apelido de "stock"por ter vivido solitário na concavidade do tronco de uma árvore no interior de uma floresta inglesa, tal como Elias havia vivido nas grutas naturais do Carmelo.

   Dadas as perseguições,muitos carmelitas passaram para a Europa. Foi mister, então, nomear um Vigário Geral na Europa. Simão Stock foi o escolhido e, seis anos mais tarde foi eleito geral de todo Ordem.

  
O demônio que tem ódio a Maria Santíssima e a sua descendência, fomentou toda espécie de discórdias e perseguições tanto fora como dentro da Ordem do Carmelo. Vemos por isso no ano de 1251 Simão retirar-se para o Mosteiro de Cambridge, curvado sob o peso dos seus 90 anos e do de tantas provações. Ajoelhado na sua pequenina cela derrama a sua alma em ardentíssimos suspiros: "Flor do Carmelo, vinha florífera, esplendor do céu, virgem fecunda, singular. Ó Mãe benigna, sem conhecer varão, aos carmelitas dá privilégios, ó Estrela do mar"!

   E ao levantar os olhos velados pelas lágrimas, a cela enche-se-lhe de uma grande luz: Rodeada por uma multidão de anjos a Rainha do Céu desce até ele, trazendo na mão e Escapulário marrom castanho dos monges e diz-lhe;"Recebe filho queridíssimo, este hábito da minha Ordem: isto será para ti e para todos os carmelitas um privilégio. Quem morrer revestido dele não sofrerá o fogo eterno". Era o dia 16 de julho de 1251.

   A partir daí veio a paz, e a Ordem tornou-se objeto de simpatia no mundo inteiro. Eis Maria Santíssima esmagando a cabeça da infernal serpente.

   A Santa Madre Igreja reconhece o profeta Elias como o fundador da Ordem Carmelitana.Na Basílica de São Pedro no Vaticano, por ordem dos papas, foram colocadas as imagens de todos os santos fundadores de Ordens Religiosas. E, assim, lá foi colocada, por ordem do papa Bento XIII em 26 de junho de 1725, a imagem do Santo Profeta Elias, reconhecido por toda Ordem Carmelitana como o seu Fundador.






Nenhum comentário:

Postar um comentário