quarta-feira, 14 de agosto de 2019

FRUTOS QUE SE DERIVAM DA DEVOÇÃO À SS. EUCARISTIA


"Vinde a mim, vós todos, que estais oprimidos, e eu vos aliviarei" (S Mateus XI, 28).

20. Estes poucos ensinamentos a propósito de um assunto tão vasto serão, não duvidamos, fecundos em frutos de salvação para o povo cristão se, por vossos cuidados, Veneráveis Irmãos, forem em tempo oportuno expostos e recomendados. Mas esse sacramento é tão grande e tão abundante em toda sorte de virtudes, que ninguém poderá jamais nem lhe celebrar assaz eloquentemente os louvores, nem por suas adorações honrá-lo como ele o merece. Quer o meditemos com piedade, quer o adoremos nas cerimônias oficiais da Igreja, quer sobretudo o recebamos, com a pureza e a santidade requeridas, deve ele ser considerado como o centro de uma vida cristão tão completa como pode sê-lo; todas as outras modalidades de piedade, quaisquer que sejam, conduzem e vão ter, em última análise, à Eucaristia. Mas é principalmente neste mistério que se realiza e se cumpre cada dia o benévolo convite e a promessa, mais benévola ainda, de Cristo: Vinde a mim, vós todos, que estais onerados, e eu vos aliviarei (S. Mat. XI< 28).

Procissão de Corpus Christi - 1ª bênção do Santíssimo



Carmelo de Nossa Senhora do Carmo  -  Varre-Sai, RJ.

21. Esse mistério, finalmente, é como que a alma da Igreja; é para ele que se eleva a própria plenitude da graça sacerdotal pelos diversos graus das Ordens. É nele, ainda, que a Igreja haure e possui toda a sua virtude e toda a sua glória, todos os tesouros das graças divinas e todos os bens: por isso ela consagra os maiores desvelos a dispor e a trazer os espíritos dos fiéis a uma íntima união com Cristo por meio do sacramento de seu Corpo e de seu Sangue; é pelo mesmo motivo que ela procura fazê-lo venerar ainda mais pelo esplendor das suas cerimônias mais santas. A perpétua solicitude desenvolvida a este respeito pela Igreja, nossa Mãe, é magnificamente salientada por uma exortação publicada no santo Concílio de Trento, a qual respira uma caridade e uma piedade admiráveis e merece verdadeiramente que a transmitamos integralmente ao povo cristão: "O Santo Concílio adverte com afeto paternal, exorta, pede e conjura, pelas entranhas da misericórdia de nosso Deus, todos  e cada um dos que trazem o nome de cristãos, a se unirem enfim e viverem em boa harmonia nesse sinal da unidade, nesse vínculo da caridade, nesse símbolo de concórdia; a se lembrarem da tão grande majestade e do tão admirável amor de Jesus Cristo Nosso Senhor, que deu sua alma bem-amada como preço da nossa salvação, e que nos deixou seu corpo como alimento; a crerem e a venerarem esses mistérios sagrados do corpo e do sangue de Cristo com uma fé tão constante e tão firme, com uma devoção, uma piedade e um respeito tais, que possam frequentemente receber esse pão supersubstancial, que este seja deveras a vida das suas almas e a saúde perpétua dos seus corações, e que, fortificados por esse alimento, possam, ao sair desta miserável vida, chegar à pátria celeste, onde se nutrirão sem velame desse Pão dos anjos que agora só lhes é distribuído sob os véus sagrados" (Sess. XIII, De Echar., X, c. VIII).

22. Também a história nos atesta que a vida cristã foi especialmente florescente no povo nas épocas em que a Eucaristia era recebida mais frequentemente. Em compensação, e fato é este não menos certo, as pessoas se habituaram a ver o vigor da fé cristã enfraquecer-se sensivelmente à medida que os homens negligenciavam o pão celestial e, por assim dizer, lhe perdiam o gosto. Para que essa fé não desaparecesse completamente, no Concílio de Latrão Inocêncio III tomou uma medida oportuníssima, fazendo para todo cristão uma obrigação gravíssima de não se abster da comunhão do Corpo do Senhor ao menos por ocasião das solenidades pascais. Evidente é, porém, que esse preceito foi dado com pesar e como remédio extremo: porque a Igreja sempre desejou que em cada sacrifício os fiéis pudessem participar desse banquete divino. "O Santo Concílio desejaria que em cada missa os fiéis presentes não fizessem apenas a comunhão espiritual, mas, também que viessem receber sacramentalmente a Eucaristia; assim os frutos desse Santíssimo Sacrifício manariam mais abundantes sobre eles" (Conc. Trid. sess. XXII, c. VI).


(Excerto da Encíclica "MIRAE CARITATIS"  de Leão XIII sobre a Santíssima Eucaristia, escrita em 1902). 

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