terça-feira, 2 de maio de 2017

A CONFISSÃO DOS PECADOS

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

 Contar os próprios pecados ao confessor talvez pareça algo muito penoso para o homem, que é naturalmente orgulhoso. Por isso devemos pedir a Deus, Nosso Senhor a virtude da humildade. Na verdade, o confessionário é um tribunal de misericórdia. O pecador, o réu se acusa, mas não para ser condenado e sim para ser perdoado. Ma o faz no segredo do confessionário. Como Deus é bom!. Podia exigir, de quem O ofendesse, uma confissão pública das suas faltas, e o pecador devia, mesmo assim, julgar-se muito feliz podendo evitar o inferno por esse preço. Deus, porém, contenta-se com uma confissão secreta, e o sacerdote que a ouve é obrigado ao mais inviolável segredo.

É evidente que a confissão dos pecados para ser boa e, portanto válida, deve apresentar algumas qualidades. São três estas qualidades: humilde, sincera e inteira (íntegra).

Com a graça de Deus, nesta postagem de hoje, vamos explicar a primeira qualidade:

1. A confissão deve ser humilde.

O penitente que se vai confessar deve considerar-se um criminoso condenado à morte, carregado de tantas correntes quantos são os pecados que tem na consciência; assim se apresentará diante do confessor, que ocupa o lugar de Deus, e que só o pode livrar dessas correntes, bem como do inferno que o pecador mereceu. É necessário, pois, que o penitente fale ao confessor com toda a humildade. O pecador não deve dizer uma palavra sequer para se desculpar. É preciso, outrossim, que o próprio tom e a linguagem denotem a humildade do coração.

Eis um exemplo: Um dia, um grande pecador foi procurar S. Francisco de Sales, e confessou-lhe as suas desordens com um tom e uma linguagem que denunciavam falta de arrependimento e de pudor. O Santo rompe em suspiros e em soluços. "Padre, diz o pecador, estais sentindo-se mal?  -  Não, sinto-me bem, mas sois vós que estais mal.  - O penitente disse-lhe: eu, padre, sinto-me otimamente!  -  Pois, bem! então, meu filho, continuai. Então o penitente continua com o mesmo tom, e o Santo a chorar cada vez mais. "Mas, afinal, diz o penitente, porque chorais?  - Eu choro, meu filho, porque vós não chorais, replicou o confessor. A estas palavras, todo envergonhado de si mesmo e completamente transformado, o pecador exclama: "Ó miserável que eu sou! os outros confessores fazem algumas vezes chorar os seus penitentes, e eu faço chorar o meu confessor! Os meus pecados arrancam lágrimas ao inocente, e eu não choro!" E com esta consideração, quase chegou a desfalecer de dor. E desde então tornou-se um modelo de virtude, sobretudo de humildade, chegando ao ponto de contar tudo isto para os outros  afim de se humilhar.

Há alguns que ousam contestar o confessor, e que lhe falam com tanta arrogância, como se ele lhes devesse submissão; que fruto poderão tirar de uma confissão feita assim? É preciso, pois, que testemunheis ao confessor o mais profundo respeito: falai-lhe sempre com humildade, e obedecei humildemente em tudo que vos prescreve! Se, por acaso, algum confessor vos repreender, guardai silêncio, escutai humildemente os seus conselhos, e aceitai com a mesma humildade o remédio que vos dará para vos corrigir.

Não vos zangueis com o vosso confessor, como se vos tivesse faltado com a justiça ou com a caridade. Vamos fazer uma comparação: que diríeis, se vísseis um doente que, em quanto o cirurgião lhe faz uma operação, se queixasse da sua crueldade? Não o acusaríeis de loucura? Ele me faz sofrer, diz o doente.  -  Sim; mas esta dor, que ele vos causa, é o que vos deve curar; de outro modo estaríeis perdido.

Se o confessor vos manda voltar depois de oito ou quinze dias, para a absolvição, e neste intervalo fazer alguma restituição, afastar a ocasião, recomendar-vos a Deus, evitar a recaída, empregar outros remédios que ele vos prescreve  -  obedecei, e ficareis assim livres do pecado.

Não vedes que, antes, tendo sido sempre absolvido, recaístes poucos dias depois nos mesmos pecados? Talvez me respondais: mas, padre, e se nesse meio tempo vem a morte? Respondo: Deus que vos deu vida durante o longo tempo em que vivestes no pecado, sem pensardes em que vos corrigir, agora, que quereis mudar de vida, temeis que vos tire a vida?  -  Entretanto, dizeis ainda: mas, padre, pode acontecer-me que chegue a morte.  Respondo: meu filho! Uma vez que isto pode dar-se, não deixeis de vos conservar disposto a morrer, fazendo continuamente atos de contrição. Já dissemos que quem se acha contrito e disposto a recorrer ao sacramento, recebe de Deus no mesmo instante o perdão dos seus pecados. Depois, caríssimo, pensa no seguinte: que vos serviria receber a absolvição sem demora, cada vez que vos confessásseis, se não renunciais ao pecado? Todas estas absolvições não fariam senão aumentar os vossos tormentos no inferno, porque. Por isso, caríssimo amigo, não fiqueis descontente; quando o confessor diferir a vossa absolvição, quer experimentar-vos algum tempo, para ver como vos conduzis. Se cairdes sempre no mesmo pecado mortal, ainda que vos acuseis, o confessor não pode absolver-vos, sem algum sinal extraordinário e manifesto da vossa boa disposição; doutro modo seríeis condenado e ele também. Submetei-vos, pois, e fazei o que ele vos diz; depois, quando voltardes, tendo observado o que prescreveu, recebereis certamente a absolvição, podereis, assim, fica em paz. Amém!


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