segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O SACERDOTE É O PORTEIRO DO PARAÍSO

LEITURA ESPIRITUAL MEDITADA

É São Próspero quem chama o confessor de "Porteiro do Paraíso". Ele pode, pois, livrar os pecadores da prisão eterna do inferno, e abrir-lhes o palácio da Jerusalém Celeste. Que honra para o sacerdote! Qual seria vossa admiração por um homem que tivesse a faculdade de limpar leprosos com poucas palavras!? Pois bem! O sacerdote opera maravilha muito maior quando pronuncia sobre um pecador bem disposto estas palavras: Ego te absolvo a peccatis tuis; pois no mesmo instante, ele torna limpa e branca como neve aquela alma, que, por seus pecados, estava imunda e enegrecida pelo piche do pecado. "A justificação de um pecador, diz Santo Agostinho, é obra mais admirável do que a criação do céu e da terra". "O Senhor, diz o cardeal Hugo, parece dizer ao padre que absolve um pecador: Por mim, criei o céu e a terra; dou-vos porém o poder de efetuar uma criação muito mais excelente. Eis aqui uma alma em estado de pecado; criai nela um coração puro, e fazei que, de escrava do demônio, se torne minha filha. Por mim, fiz a terra produzir frutos, mas vos dou um poder muito mais nobre; fazei que o pecador produza frutos de boas obras. Privado da graça santificante não é ele outra coisa senão uma árvore seca; dai-lhe a seiva da vida divina pela absolvição, e ele produzirá frutos dignos da vida eterna".

O Senhor dizia a Jó: "Tens tu como Deus um braço todo poderoso e tua voz é trovejante como a sua?" (Jó 40, 4). Ora, quem é que possui um braço semelhante ao de Deus, e que como Deus, faz ressoar a sua voz semelhante ao trovão? É o padre. Quando ele dá a absolvição, serve-se do braço e da voz de Deus para quebrar as correntes daqueles que estão na escravidão de Lúcifer, para recalcar no fundo do abismo os poderes infernais e para impor silêncio aos demônios bramando de raiva porque tem de deixar ir em liberdade as almas reconciliadas com Deus, seu legítimo senhor.

O sacerdote opera o milagre da ressurreição não de corpos mas de almas. Na verdade o confessor ressuscita tantos mortos quantas absolvições dá aos pecadores suficientemente dispostos pela atrição, pecadores que pelo pecado grave haviam morrido espiritualmente. Quando, pois, a alma está privada da vida sobrenatural da graça, é escrava do demônio que não espera senão o julgamento de Deus para a encerrar no sepulcro eterno do inferno.

Suponhamos, caríssimos, que um pecador esteja próximo a morrer; de repente, tocado por uma luz do alto, reconhece o seu estado, concentra-se, e, deplorando o mal que cometeu, pede com grandes lamentos que o arranquem das garras do leão infernal. Quem livrará esta pobre alma obsequiada pela graça da atrição? Ainda que se reúnam todos os poderosos da terra com seus exércitos, e ordenem ao demônio que abandone essa alma, o demônio não fará senão escarnecer de uma tal ordem, pois, os poderosos, reis, presidentes e generais, não têm poder senão sobre as coisas temporais. Mas aparece um sacerdote, mesmo o mais pobre e o menos digno de todos do clero; este sacerdote, só por estas palavras: Ego te absolvo a peccatis tuis, forçará o demônio a abandonar sua presa; transformará esse pecador  em justo, fará dele um predestinado.


Em verdade, caríssimos, podemos dizer com S. Próspero, que os sacerdotes são as "Portas da Cidade Eterna", e com o escritor espiritual Salviano: "Toda a nossa esperança e nossa salvação se acham nas mãos dos sacerdotes!" Aí entendemos porque São Clemente chama o padre "Deus da terra"; querendo dizer com isto que ele ocupa neste mundo o lugar de Deus. Amém!

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