terça-feira, 28 de junho de 2016

Lutero e o Demônio

Excertos do livro "A Igreja, a Reforma e a Civilização" de autoria do Padre Leonel Franca.

   "Satanás não o deixa um instante tranquilo; acompanha-o de dia e de noite, na igreja e na adega. Mais de uma vez declarou Lutero que a sua vida fora "uma série de duelos com Satã". Com o diabo dormia ele mais vezes de que com a sua Catarina. Em toda parte o via: na nuvem que passa, no raio que fuzila, no trovão que ribomba, nas florestas, nas águas, nos desertos, empestando os ares e os campos; diabos se escondem nas serpentes e lagartos, nos macacos e nos papagaios; diabo na mosca que vem pousar nas páginas do seu livro, diabos, até, nas nozes que lhe envia uma admiradora. O espírito do mal é o deus ex-máquina que desata todos os nós difíceis. À sua ação maligna atribui o reformador todas as desordens morais, todas as calamidades sociais desencadeadas por suas doutrinas subversivas.
   Esta obsessão diabólica que torturava a alma do infeliz renegado espelha-se em todos os seus escritos. De diabos está cheio o seu estilo; algumas das suas páginas dir-se-iam escritas no inferno. No opúsculo contra o duque Henrique de Brunswick, o demônio tem a honra de ser nomeado 146 vezes; no livro dos concílios em 4 linhas se fala 15 vezes de diabos.
   Em 1541 quando os turcos ameaçavam invadir a Alemanha, publicou Lutero a seguinte oração: "Sabeis, Senhor, que o diabo, o papa e o turco não têm razão nem direito de nos vexar, porque nunca os ofendemos. Mas porque confessamos que vós, Pai, vosso Filho, Jesus Cristo, e o Espírito Santo sois um só Deus eterno, nos odeiam e perseguem. Se renunciáramos a esta fé, nada teríamos que recear deles".(Erlangen, XXXII, 89). Quanta ceguira! quanta calúnia! O diabo, o papa e o turco postos no mesmo plano! O papa que persegue a Lutero pela sua fé na Santíssima Trindade! Lutero que se gloria de nunca haver descontentado o demônio!!!
   Os adversários da Reforma, têm "o coração satanizado, persatanizado e supersatanizado". A Lutero cabe a inglória iniciativa de haver posto em voga este novo gênero de literatura diabólica, em cujo diapasão afinaram o tom os outros reformadores.
   Sinceramente, esta linguagem, estas incertezas e contradições doutrinais, esta frivolidade em construir e destruir dogmas, esta soberba luciferina dizem bem num enviado do céu para restaurar o cristianismo?
   Até aqui não acenamos senão aos vícios que mancham a parte superior do homem. Mas por uma lei infatigável da Divina Providência, a soberba do espírito é castigada com as rebeldias da carne. Desce abaixo do bruto quem se arvora em divindade.
   Lutero ofereceu à história mais um triste exemplo desta punição providencial. Em 1521, uns restos de educação católica ditavam-lhe estas palavras de uma carta a Spalatino: "Santo Deus! os nossos Wittembergenses quererão casar também os frades? A mim é que não hão de impingir mulher... Toma tento e não cases para não incorreres nas tribulações da carne". (De Wette, II, 40 e 41). Com os anos, as novas doutrinas abriram brecha no seu propósito. Em 1525, estalou às súbitas no mundo reformado a inesperada notícia que Lutero, aos 41 anos, havia casado com Catarina de Bora, religiosa egressa cisterciense. Que acontecera? Lutero resolvera-se repentinamente ao casamento para fechar a boca às más línguas. As más línguas, porém, não taramelavam sem motivo. Numa carta de 1525 endereçada a Rühel, conselheiro de Mansfeld, dizia o heresiarca: "se posso, a despeito do demônio (sic!) ainda hei de casar com a minha Catarina, antes de morrer". (De Wette, II, 655). Como quer que seja, a impressão causada nos contemporâneos e correligionários foi das mais desfavoráveis. Lutero percebeu-o. "Com este meu casamento tornei-me tão desprezível que os anjos se hão de rir e os demônios chorar. Só em mim escarnece o mundo a obra de Deus como ímpia e diabólica". (De Wette, III, 2,3). A vida escandalosa de Lutero já tinha começado havia mais tempo, como se pode ver numa carta datada de 1522 ao amigo Spalatino.
   Tanto esta carta como outros escritos sobre a vida desregrada de Lutero são escritos em latim, tal a vergonha que os escritores sentiam em relatar tantas baixezas nojentas. Também, muito menos tenho coragem de traduzí-los para o português. Assim sendo, paremos por aqui.. Só uma frase do próprio Lutero ao seu amigo Bernardo Koppe: "Saiba que estou ligado à cauda de minha Kette". ( De Wette, III, 9). Este o santo que o ecumenismo elogia!!!

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