quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A falsa noção de fé dos modernistas

   Com a graça de Deus, procurarei resumir da melhor maneira possível o que diz São Pio X na Encíclica "Pascendi Dominici Gregis".
     O modernista filósofo: Tudo está ligado ao agnosticismo. A razão humana é reduzida à consideração dos fenômenos, isto é, só considera as coisas perceptíveis e pelo modo como são perceptíveis. A razão, pois, não pode elevar-se a Deus, nem reconhecer-lhe a existência, nem mesmo por intermédio dos seres visíveis. Daí a teologia natural, os motivos de credibilidade, a revelação externa são alijados para o intelectualismo, que constitui um sistema ridículo, morto já há muito tempo. Este erro foi condenado pelo Concílio Vaticano I, como já vimos alhures. 
    Consequência destes falsos princípios: Deus fica repelido, como também tudo o que é divino. A ciência deve ser ateia e juntamente com a história, tudo comanda.
    Na doutrina modernista, este agnosticismo constitui apenas a parte negativa. A parte positiva do sistema modernista é a chamada imanência vital. A religião não deve ser procurada fora do homem, mas no mesmo homem; pois a religião não é de fato senão uma forma da vida. Daí a imanência religiosa. A primeira moção de todo fenômeno vital, deve ser sempre atribuída a uma necessidade: os primórdios, porém, devem ser atribuídos a um movimento do coração, que se chama sentimento. Aqui está uma palavra chave dos modernistas. Porque, como o objeto da religião é Deus, devemos concluir que a fé,(princípio e base de toda religião), se deve fundar em um sentimento, nascido da necessidade da divindade. Esta necessidade, dizem os modernistas, está oculta sob a consciência, isto é, na subconsciência. Desta necessidade que está na subconsciência brota ou rebenta a religião. Como? Dizem os modernistas: "A ciência e a história, acham-se fechadas entre dois termos: um externo, que é o mundo visível; outro interno, que é a consciência. Chegados a estes dois termos, não se pode ir além: é o incognoscível. Diante deste incognoscível, aquela necessidade de algo divino, sem intervenção da inteligência, gera um sentimento  particular, este traz em si a mesma realidade divina e assim une o homem com Deus. Aí está a fé modernista. E é princípio de religião. E nesta fé e com esta mesma fé, está também a revelação. Daí toda religião é igualmente natural e sobrenatural. 
   Os modernistas ressaltam uma coisa: Aquele incognoscível não se apresenta à fé como que nu e isolado; mas intimamente unido a algum fenômeno, que, de certo modo transpõe os limites da ciência e da história. Este fenômeno poderá ser um fato qualquer da natureza, contendo em si algum quê de misterioso, ou poderá também ser um homem, cujo talento, cujos atos, cujas palavras parecem nada ter de comum com as leis ordinárias da história. A fé, pois, atraída pelo Incognoscível unido ao fenômeno, apodera-se de todo mesmo fenômeno e de certo modo o penetra da sua vida. Donde se seguem duas coisas: a primeira é uma certa transfiguração do fenômeno, por uma espécie de elevação das suas próprias condições, que o torna mais apto, qual matéria, para receber o ser divino. A segunda é uma desfiguração, resultante de que, tendo a fé subtraído ao fenômeno os seus adjuntos de tempo e de lugar, facilmente lhe atribui aquilo que em realidade não tem; o que particularmente se dá em se tratando de fenômenos de antigas datas, e isto tanto mais quanto mais remotas são elas. Destes dois pressupostos, os modernistas deduzem outros tantos cânones que, unidos a um terceiro já deduzido de agnosticismos, constituem a base da crítica histórica. Por exemplo: Na pessoa de Jesus Cristo, dizem os modernistas, a ciência e a história não acham mais do que um homem. Portanto, em virtude do primeiro cânon deduzido do agnosticismo, da história desta pessoa se deve riscar o que tem sabor de divino. Ainda mais, por força do segundo cânon, a pessoa histórica de Jesus Cristo foi transfigurada pela fé; convém despojá-la de tudo o que a eleva acima das condições históricas. Finalmente, a história mesma também foi desfigurada pela fé, em virtude do terceiro cânon; logo, se devem remover dela as falas, as ações, tudo enfim que não corresponde aos seu caráter, condição e educação, lugar e tempo em que viveu.
   O sentimento religioso, que por imanência vital surge dos esconderijos da subconsciência, é pois o germe de toda a religião e a razão de tudo o que tem havido e haverá ainda em qualquer religião. Assim todas as religiões estão no mesmo nível. Pois, todas não passam de explicações deste sentimento religioso. Todas nascem do processo da imanência vital. A religião católica, nasceu deste processo de imanência vital na consciência de Cristo, homem de natureza extremamente privilegiada. Afinal, a religião é fruto inteiramente espontâneo da natureza.
    Para os modernistas, a inteligência tem também a sua parte no ato de fé. Mas como? O homem religioso deve pensar a sua fé. Primeiro: exprime a sua noção por uma proposição simples e vulgar; depois, elaborando o seu pensamento, exprime o que pensou com proposições secundárias. Justamente estas proposições secundárias, se forem sancionadas pelo supremo magistério da Igreja, passam a ser dogmas.
    Estas fórmulas que constituem o dogma são simples símbolos, e não exprimem uma verdade absoluta.  Porque elas também dependem do sentimento religioso que está sujeito a vicissitudes. Donde devem também variar. É este o ponto de chegada desejado pelos modernistas: a EVOLUÇÃO DO DOGMA. 

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