domingo, 3 de agosto de 2014

A ALEGRIA ESPIRITUAL É ÚTIL E NECESSÁRIA À NOSSA SANTIFICAÇÃO

    Ouçamos o Divino Espírito Santo no Eclesiástico XXX, 23: "O júbilo do coração esse é a vida do homem, e um tesouro inexaurível de santidade". A alegria espiritual, como a verdadeira piedade de que é inseparável, é portanto útil para tudo: tem promessas para a vida presente e para a vida futura. Nós só a encaramos aqui debaixo deste último aspecto.

   Se a tristeza tem matado a muitos, como afirma a Sagrada Escritura: "A tristeza tem matado a muitos. e não há utilidade nela" (Eclesiástico XXX, 25), a alegria, espiritual, no entanto, tem salvado a muitos. Ela é um baluarte que protege a inocência, e um poderoso meio de reparar a sua perda. Se sois tentado, e a tristeza se apodera do vosso coração, ei-vos nas trevas, perdeis as vossas forças, sois vencido. As vossas armas seriam a oração, a confiança em Deus, a mortificação; mas a oração desgosta-vos, a confiança em Deus desamparava-vos, a mortificação torna-se-vos impraticável. Se ao contrário tendes a alegria da esperança, Deus vos livrará; prometeu-o; ainda que não tivesse outra razão para vos socorrer contra o demônio, que não é vosso inimigo senão porque é inimigo de Deus, só a vossa esperança o obrigaria a isso. Caístes? Venha a esperança do perdão tranquilizar a vossa alma, conturbada pela primeira impressão da queda, e conduza-vos de novo para Deus. Dando-vos a alegria, dar-vos-á a salvação. Diz o Salmo L, 14: "Dai-me a alegria da Tua salvação". Trata-se do cumprimento dos vossos deveres? Nada o facilitará tanto, como a santa alegria. Convém dizer dela o que com tanta verdade se diz do amor santo: "Não sente o peso, não repara em trabalhos; aparenta mais do que pode; não julga impossível, pois, crê, que tudo pode"  (Confira Imitação de Cristo, L III, c. V, n 4). A tristeza enerva o ânimo; a menor dificuldade abate-o. Faz que o nosso trato seja penoso, descontente dos outros e de nós mesmos. Arrasta para dois precipícios inteiramente opostos: a desesperação, ou o amor desordenado dos gozos criminosos; a Psicologia explica que os  melancólicos são mais inclinados aos deleites, precisamente porque se abandonaram à sua dor. Concluamos que a alegria não só é útil, mas necessária. O coração do homem, diz São Gregório, não pode estar sem gozo; se o não acha em cima, busca-o em baixo. A tristeza é certamente um grande obstáculo à salvação, visto que a Igreja pede com a mesma instância, que sejamos livres da presente tristeza e gozemos da eterna alegria. 

   Senhor, se eu vos amo, terei a alegria e uma alegria inalterável; mas se tenho a alegria espiritual, amar-Vos-ei; a alegria dilata o coração e abre-o às suaves impressões do amor. ó meu Deus! dai-me o vosso amor, nada poderá separar-me de vós, nem perturbar a minha felicidade. Amém!

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