quinta-feira, 8 de setembro de 2016

GRAÇA SANTIFICANTE, ESFORÇO E MERECIMENTO



   Aqui naturalmente o leitor pede a palavra para fazer uma pergunta: O senhor disse que a graça santificante, a gente recebe "de graça". Se eu fui batizado, quando não tinha ainda uso de razão, estou perfeitamente de acordo: recebi a graça santificante "de graça", pois nada fiz para recebê-la. Mas se já recebi o Batismo depois de grande, como é que esta graça santificante foi recebida "de graça", se precisei, para isto, instruir-me com os princípais conhecimentos da fé, arrepender-me dos meus pecados, procurar o Batismo etc? Se eu já me batizei  e depois caí no pecado, preciso fazer exame de consciência, arrepender-me sinceramente, fazer um firme propósito, confessar-me etc. Como é que posso dizer nestes casos que recebi "de graça" a justificação, se precisei fazer esforços para consegui-la?

   - Você está apenas confundindo duas coisas bem diversas. Esforço que se faz para conseguir uma coisa nem sempre é o mesmo que MERECIMENTO. Quantas vezes Você faz os seus esforços precisamente para isto: para conseguir uma coisa "de graça"? Suponhamos que um amigo lhe telefone: Venha aqui agora mesmo, e eu lhe darei um anel de ouro cravejado de brilhantes! Você vai com sacrifício, abandonando seus afazeres, dispõe-se a dar muitas passadas, pode até fazer despesas com a condução e no fim de tudo recebeu o anel "de graça". Não foi a caminhada que Você fez que lhe deu merecimento para adquirir o anel: Você o recebeu sem o ter merecido, uma vez que não havia pago um preço equivalente, nem feito ação alguma, para a qual fosse o anel um prêmio adequado; a caminhada foi apenas uma providência necessária para entrar em posse do objeto.

   Diga-se o mesmo do homem carregado de crimes e condenado à pena de morte, a quem o rei manda dizer: "Venha a meu palácio, ajoelhe-se aos pés de meu ministro, confesse seus erros e eu assinarei o decreto, libertando-o da morte". Ainda mesmo que ele precise andar algumas léguas para isto, o perdão lhe foi concedido sempre "de graça", sem merecimento seu e por pura misericórdia; pois o que ele merecia era a morte, e não o perdão.

   Assim também Deus pode exigir algumas condições, algumas DISPOSIÇÕES nossas, para nos conceder a sua graça, mas não são estas disposições que estão na altura de merecê-la. 

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