sábado, 9 de fevereiro de 2013

AVISO - Retiros.

   Por graça de Deus, estarei pregando retiros a partir de hoje, dia 19/02 até o dia 22/02/ 2013. De hoje até Quarta-feira de Cinzas estarei pregando para homens e rapazes e do dia 14 até o dia 22 de fevereiro estarei pregando para as Irmãs Carmelitas. Imploro as orações de todos nas minhas intenções e também por todos os retirantes, para que façam um santo retiro.

   Assim sendo, não terei tempo de escrever nos meus blogues neste período. Portanto, se Deus quiser, voltarei a postar a partir do dia 23 de fevereiro de 2013. Até lá! Fiquem com Deus!

COMO SURGIU A TEORIA DA SALVAÇÃO SÓ PELA FÉ - ( 9 )

   9. LIVRES DE TODAS AS LEIS!...

   Segundo Lutero, Cristo observou a lei por todos aqueles que creem, estes não têm mais obrigação de observar a lei, observância que, segundo ele, é impossível, porque não há liberdade: "A palavra Evangelho significa boa nova, doutrina grata e consoladora para as almas... ouvir que a Lei já foi observada por Cristo, que nós não temos o dever de observá-la, mas só o de unir-nos pela fé Àquele que por nós a observou" (Weimar I-52). "Esta é a nossa doutrina que sabemos eficaz para consolar as consciências. Viveremos sem a lei e nos persuadiremos que os nossos pecados nos foram perdoados" (Weimar XXV-249). "Com propriedade pode definir-se o cristão: o homem livre de todas as leis no foro interno e externo" (Weimar XL, Abt 235). "Assim vês quão rico é o homem cristão ou batizado que, mesmo querendo, não pode perder a sua salvação, por maiores que sejam os seus pecados, a não ser que não queira crer. Nenhum pecado pode condená-lo, a não ser somente a incredulidade. Todos os outros... se houver fé na promessa divina feita ao batizado são absorvidos pela mesma fé". (Weimar VI-529). 

   Lutero se insurge contra a ideia de que Cristo é um legislador que nos veio ensinar uma moral sublime, promulgada no Evangelho: 
    "Erasmo e os papistas cuidam que Cristo é um novo legislador; na sua demência nada entendem do Evangelho, representam-no fantasticamente como um código de novas leis, à semelhança do que sonham os turcos do seu Corão" (Weimar XL, 1 Abt. p. 259).

   "O Evangelho não prega o que devemos fazer, não exige nada de nós. Antes, em vez de dizer-nos: faze isto ou aquilo, manda-nos simplesmente estender as vestes e receber: Toma, meu caro, eis o que Deus fez por ti; por teu amor Ele vestiu de carne humana o próprio Filho... aceita este dom; crê e serás salvo" (Weimar XXIV-4).

   "Não só com as palavras, mas também com as nossas ações e com o nosso procedimento, exercitemo-nos com diligência em separar Cristo de qualquer ideia de legislador, afim de que, apresentando-se-nos o demônio sob a figura de Cristo para molestar-nos em seu nome, saibamos que não é Cristo, mas que é verdadeiramente o diabo" (Weimar XL, 1 Abt. p. 299).

   "A isto se reduz todo o Cristianismo: a sentir que não tens pecado ainda quando pecas, a sentir que teus pecados aderem a Cristo, que é salvador do pecado" (Weimar XXV-331).

   Mas, dirá o leitor, com posso seguir uma doutrina destas? E onde está a minha consciência que me acusa quando dou um passo errado?

   Ora consciência! Lutero manda abafar a sua voz. Diz ele: "Se a consciência do pecado te acusa, se põe ante os teus olhos a ira de Deus... não deves ouvi-la, mas contra a consciência e contra os teus sentimentos deves julgar que Deus não está irado, que tu não estás condenado" (Weimar XXV-330).

   Já identificado agora com o pensamento do fundador do Protestantismo, o leitor pode por si mesmo decidir a seguinte questão: se se pode dar boa interpretação às célebres palavras de Lutero na sua carta a Melanchton, escrita em agosto de 1521: "Sê pecador, peca fortemente, porém mais fortemente ainda crê e rejubila-te em Cristo!" Vamos citar todo o trecho: "Se pregas a graça, prega uma graça verdadeira e não falsa; se a graça é verdadeira, que o pecado seja verdadeiro e não falso. Deus não pretende salvar falsos pecadores. Sê pecador e peca fortemente, mas confia e rejubila-te mais fortemente ainda no Cristo, vencedor do pecado, da morte e do mundo. Temos que pecar enquanto somos o que somos. Esta vida não é a estância da justiça, mas esperamos, segundo a palavra de São Pedro, novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça. É o bastante, para nós, haver conhecido, pelas riquezas da glória, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele nos tirará o pecado, ainda quando mil vezes por dia nos tornássemos fornicários ou assassinos. Considera como nos sai tão barata a redenção de nossos pecados em um tal e tão grande Cordeiro!" (De Wette II-37). 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

COMO SURGIU A TEORIA DA SALVAÇÃO SÓ PELA FÉ - ( 8 )

   47. PECADO MORTAL E PECADO VENIAL.

   Mas, se tudo o que fazemos é pecado, e pecado mortal, como podemos com esses pecados entrar no céu?

   Lutero esclarece: "Aquele que crê tem tão grandes pecados como o incrédulo, mas lhe são perdoados, não lhe são mais imputados" (Comentário da Epístola aos Gálatas III-25).

   Lutero não admite a justificação do pecador, no sentido católico de que ele se pode tornar realmente um justo, transformado e regenerado interiormente pela graça de Deus, mas no sentido de que Deus externamente o considera justo, embora ele seja realmente o mesmo pecador. O que não crê, tudo o que faz é pecado mortal; o que crê pode fazer as mesmas coisas, mas Deus por um decreto considera veniais todos estes pecados. Diz Lutero: "Para aquele que não crê, não somente todos os pecados são mortais, mas todas as suas boas obras são pecados... É, portanto, pernicioso o erro dos sofistas que distinguem os pecados de acordo com os atos e não de acordo com as pessoas. Naquele que crê o pecado é venial; é mortal para o que não crê, não que seja diferente, menor e maior noutro, mas porque as pessoas são diferentes" (Weimar II- 110; IV-161). 

   A razão desta diferença é que Jesus Cristo toma o lugar do pecador que crê. Cristo é "o manto que oculta a nossa vergonha, a cobertura de nossa ignomínia. Ele deixa o pecador pendurar-se nas suas costas e assim o livra da morte e da carcereiro" (Apud Denifle-Paquier III- 67, 367) é "a galinha sob cujas asas devemos refugiar-nos, afim de que seu cumprimento da lei se torne o nosso. Ó amável galinha! ó felizes pintinhos!" (Weimar I-35). 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

COMO SURGIU A TEORIA DA SALVAÇÃO SÓ PELA FÉ - ( 7 )

   46. A FÉ E A SALVAÇÃO , OBRAS EXCLUSIVAS DE DEUS.

   Aqui perguntamos a Lutero: - Mas, se a nossa natureza está tão corrompida assim, que até as boas obras que fazemos são pecados, como é também que podemos crer?

   Responde Lutero que a fé é Deus que "opera em nós, sem nós" e às vezes até "apesar de nós" (Apud Denifle-Paquier III- 272, 289).

   A Igreja Católica, que admite o livre arbítrio, considera a fé como uma convicção da inteligência, sob o império da vontade livre e sob o influxo da graça divina. A graça de Deus se antecipa à ação humana, mas a fé é obra de Deus e do homem. Para Lutero, que só admite o arbítrio escravo, a fé é obra exclusiva de Deus.

   A Igreja, como vimos, ensina que Jesus Cristo é o Único Salvador no sentido de que Cristo, reconciliando-nos com Deus, ofereceu-Lhe a reparação pelo pecado, que só Ele, Cristo, podia oferecer por ser Homem e Deus ao mesmo tempo. A obra de Cristo foi perfeitíssima; falta apenas a nossa contribuição a qual realizamos juntamente com a graça de Cristo, que Ele mereceu por nós na cruz. Lutero toma Cristo como Único Salvador no sentido de que não existe também a nossa parte na obra da salvação. Ele fez tudo: a sua parte e a nossa; se Ele nos salvou, não nos resta mais fazer nada: só crer. E esta fé, Ele é quem opera em nós, com exclusividade. 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

COMO SURGIU A TEORIA DA SALVAÇÃO SÓ PELA FÉ - ( 6 )

   45. NADA DE ARREPENDIMENTO, NEM DE BOAS OBRAS.

   Não se pense, porém, que entre estes sentimentos que levam o homem aos pés de Cristo, esteja incluído o arrependimento dos pecados. Não! Arrependimento supõe liberdade e o homem não é livre.

   Lutero qualifica de "delírio" a atitude dos padres que exigem do penitente a contrição e o arrependimento e diz que "a esses padres se deveria tirar o poder das chaves e dar-lhes um bastão para conduzir as vacas" (Apud Denifle-Paquier III-352). Porque o arrependimento só torna o homem "mais hipócrita e mais pecador". Ouçamos as suas palavras: "A contrição que se prepara pelo exame, recapitulação e detestação dos pecados, pelos quais alguém relembra os seus anos na amargura de sua alma, ponderando a gravidade, multidão e fealdade dos pecados, a perda da eterna felicidade e a aquisição da condenação eterna, esta contrição o faz hipócrita e até mais pecador" (Weimar VII-113).

   Arrependimento supõe que o homem quer salvar-se por suas obras. E as boas obras, Lutero as considera inúteis para a salvação; embora tivesse caído às vezes em contradição sobre este assunto, a doutrina predominante nos seus escritos é a inutilidade das boas obras; algumas vezes até chegou a chamá-las de nocivas.

   Com a nossa natureza corrompida não há boas obras, tudo o que vem de nós é pecado e "as boas obras são más, são pecado como o resto" (Apud Denifle-Paquier III-47).

   Diz ainda Lutero: "A lei, as obras, a caridade, os votos não só não resgatam, mas agravam a maldição. Quanto mais obras fizermos, tanto menos poderemos conhecer e apreender a Cristo" (Weimar XL-1 Abt. p. 447). "Ensinando as boas obras e excitando a fazê-las como necessárias à salvação, se causa maior mal do que a nossa razão humana pode compreender e conceber" (Apud Denifle-Paquier III-101). 
  
   Quando Jorge Maior, professor da Universidade de Vitemberga procurou reagir contra esta doutrina e ensinou que as boas obras seriam necessárias à salvação, um grande amigo de Lutero, Nicolau de Amsdorf publicou em contestação um livro, no ano de 1559 e neste livro defendia a seguinte tese: Que a proposição "as boas obras são nocivas à salvação" é justa, verdadeira, cristã, pregada por São Paulo e S. Lutero. "Não há escândalo maior, diz Lutero, mais perigoso, mais venenoso do que a boa vida exterior, manifestada pelas boas obras e uma conduta piedosa. Isto é a porta de cocheira e o grande caminho que leva à condenação" (Apud Doellinger III-124). 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

COMO SURGIU A TEORIA DA SALVAÇÃO SÓ PELA FÉ - ( 5 )

   43. O PECADO ORIGINAL.

   Para Lutero, o anjo também não é livre, porque "o livre arbítrio é o apanágio exclusivo de Deus" (Weimar XVIII-664). Mas com o homem aconteceu uma grande desgraça. Foi o pecado original que tornou a nossa vontade inteiramente corrompida, completamente dominada pelo mal, segundo a doutrina luterana. E isto por toda a nossa vida. Diz Lutero: "Nossa pessoa, nossa natureza, todo o nosso ser está corrompido pela queda de Adão... Nosso pecado não é em nós uma obra ou uma ação; é a nossa natureza e todo o nosso ser" (Apud Doëllinger III- 31). 
  
   No Comentário à Epístola aos Romanos capítulo V, Lutero afirma que o pecado original é "não somente a privação de qualidade na vontade, não somente a privação de luz na inteligência e de poder na memória, mas a completa privação de toda retidão do homem interior e exterior. É a própria tendência para o mal, náusea para o bem, aversão à luz e à sabedoria, amor ao erro e às trevas, fuga e abominação das boas obras, corrida para o mal" (Ficher II, 144). 

   A consequência disto é que o homem só pode fazer o mal: "O homem, não sendo senão um tronco apodrecido, não pode produzir senão corrupção, não pode querer e fazer senão o mal" (Opera Latina I, 243 e 350).

   "Tudo o que empreenderes, por belo e brilhante que seja, é pecado e continua sendo pecado. Faze o que quiseres, não podes senão pecar". (Apud Denifle-Paquier III- 179). 

   E tudo o que o homem faz é, por sua natureza, pecado mortal: "Todo o pecado, no que diz respeito à substância do fato, é mortal" (Comentário da Epístola aos Gálatas. (Erlangen III-24). 

   44. LUZ NAS TREVAS E CONSOLO NO DESESPERO...

   Diante deste quadro tenebroso, parece que estamos irremediavelmente perdidos; não temos liberdade e trazemos, do berço até o túmulo, a natureza tão corrompida pela queda do primeiro homem, que tudo que fazemos é pecado e pecado mortal; como poderemos então salvar-nos?

   Muito simples, segundo Lutero; basta crer em Jesus Cristo. Crê e serás salvo. 

   Que entende Lutero por esta palavra  - CRER?

   Todos sabem que crer em Jesus Cristo significa aceitar toda a sua doutrina. Lutero também admite a fé neste sentido, mas isto para ele não tem grande significação; não é propriamente neste sentido que a fé salva.

   Ouçamos as suas palavras: "Cristo tem duas naturezas. Em que isto me interessa? Se ele traz este nome de Cristo, magnífico e consolador, é por causa da ministério e da tarefa que Ele tomou sobre si... Crer em Cristo não quer dizer que Cristo é uma pessoa que é homem e Deus, o que não serve de nada a ninguém; significa que esta pessoa é Cristo, isto é, aquele que para nós saiu de Deus e veio ao mundo... É deste ofício que Ele tira o seu nome" (Erlangen XXXV-207). Em resumo, Lutero quer dizer que crer em Cristo significa simplesmente crer que Ele é o Salvador e nada mais.

   A fé que salva é a confiança. O homem cheio de temor, de angústia, de horror diante de sua própria miséria, sabendo que não pode fazer outra coisa senão pecar, se lança nos braços de Cristo, seu Salvador e se enche da convicção de que pelo sangue de Cristo está salvo. Crendo que somos salvos por Cristo, estamos salvos.
   [Será que Lutero conseguiu assim eliminar seus escrúpulos?! Veremos no dia do Juízo Final]. 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

COMO SURGIU A TEORIA DA SALVAÇÃO SÓ PELA FÉ - ( 4 )

   42. NEGAÇÃO DO LIVRE ARBÍTRIO.
   
    Não da leitura da Bíblia, mas da observação do que se passava no seu espírito doentio e tumultuoso, tirou Lutero a conclusão de que o homem não goza de liberdade. Eis as palavras de Lutero: "A vontade humana é como um jumento; se Deus o cavalga, quer e vai onde Deus quer, como diz o Salmo: Como jumento me tenho feito diante de ti e eu estarei sempre contigo (Salmo LXXII-23). Se Satanás o cavalga, quer e vai para onde vai Satanás, nem está em seu poder correr para outro cavalgador ou procurá-lo, mas os cavalgadores é que lutam entre si para alcançar o jumento e tomar conta dele" (Weimar XVIII-635).

   "Tudo se realiza segundo os decretos imutáveis de Deus. Deus opera em nós o mal e o bem. Tudo o que fazemos, fazemo-lo não livremente, mas por pura necessidade" (Weimar XVIII-709).

   "Foi o diabo que introduziu na Igreja o nome de livre arbítrio" (Weimar VII-145). 

   Houve a este respeito uma célebre polêmica entre Lutero e Erasmo, na qual Lutero escreveu um livro intitulado "O arbítrio escravo", combatendo a doutrina de que o homem goza de liberdade e Erasmo escreveu outro sob o título "O livre arbítrio", defendendo esta doutrina, embora também Erasmo errasse, caindo no pelagianismo.

   Os magistrados começam a inquietar-se, porque o livre arbítrio é a base do direito civil e penal e também pelas péssimas repercussões das ideias de Lutero no seio do povo. Lutero responde: "Estou falando da vontade livre com relação a Deus e às coisas da alma. Pois que necessidade teria eu de disputar tanto sobre a liberdade do homem no que diz respeito às vacas e aos cavalos, ao dinheiro e aos bens?" (Apud Denifle-Paquier III-267) "Mas no que toca a salvação ou condenação, o homem não tem livre arbítrio; é o cativo, o súdito e o escravo da vontade de Deus ou da vontade de Satanás" (Weimar XVIII- 638).