segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ SEM AS OBRAS DA LEI - ( 5 )

   115.. OBRAS DA LEI; DE QUAL LEI?

   Durante muitos e muitos séculos, quando na linguagem bíblica se falava na LEI, não se podia entender senão a lei de Moisés.

   Na lei de Cristo ninguém pensava, por uma razão muito simples: Jesus Cristo não havia aparecido ainda e não havia, portanto, ensinado a sua lei.

   Na lei natural, também não: porque tendo uma lei escrita, expressa com as próprias palavras de Deus, dada com tanta pompa e solenidade no monte Sinai, incluindo, além dos preceitos da lei natural, muitíssimos outros preceitos, não era certamente na lei natural que os judeus pensavam, quando se falava na LEI.

   Os Apóstolos e Evangelistas conservam este modo de falar, que era o usual naquele tempo, pois vinha sendo usado desde muitos séculos. Sabem muito bem que existe uma lei de Cristo. Assim diz São Paulo: Levai as cargas uns dos outros, e desta maneira cumprireis a LEI DE CRISTO (Gálatas VI-2). Mas, quando dizem simplesmente - a lei - entendem a lei de Moisés: A LEI foi dada por Moisés; a graça e a verdade foi trazida por Jesus Cristo (João I-17). A palavra  - lei - continua a designar também no Novo Testamento os 5 primeiros livros da Bíblia, em contraposição com outros livros sagrados, precisamente porque é naqueles que vêm circunstanciadamente descritas as prescrições da lei mosaica: Não Tendes lido na LEI que os sacerdotes nos sábados, no templo quebrantam o sábado e ficam sem pecados? (Mateus XII-5). Depois da lição da LEI e dos profetas, mandaram-lhes dizer os chefes da sinagoga (Atos XIII-15). Sirvo eu a meu Pai e Deus, crendo todas as coisas que estão escritas na LEI e nos profetas (Atos XXIV-14).

   Quando o Evangelho fala em - doutor da lei (Mateus XXII-35); Lucas V-17) - isto não significa um homem entendido na lei civil, na lei natural ou na lei de Cristo, mas um homem que é bom conhecedor da lei de Moisés.

   Assim sendo, chamamos a atenção do leitor para o seguinte trecho de São Paulo na sua 1ª Epístola aos Coríntios: E me fiz para os judeus como judeu, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se eu estivera debaixo da lei (NÃO ACHANDO EU DEBAIXO DA LEI), por ganhar aqueles que estavam debaixo da lei; para os que estavam sem lei, como se eu estivera sem lei (ainda que não estava sem a lei de Deus, mas ESTANDO NA LEI DE CRISTO), por ganhar os que estavam sem lei (1ª Coríntios IX-20 e 21).

   Ora, aí diz o Apóstolo que não está debaixo da lei; porque, quando ele diz simplesmente - a lei - entende a lei de Moisés. Do fato de não estar debaixo da lei, não se segue que não esteja sujeito a lei nenhuma, pois ele diz abertamente estar sujeito à lei de Cristo, portanto, à lei de Deus.

   Do mesmo modo, quando o Apóstolo diz que o homem não é justificado pelas obras da lei, entende-se que as obras da lei de Moisés não servem mais para tornar o homem um justo diante de Deus. A lei de Moisés foi abolida. Mas daí não se segue que o homem não se torne justo pelas obras de outra lei: da lei cristã, por exemplo. Muito ao contrário, se São Paulo diz que a fé em Cristo é que justifica o homem, a fé em Cristo, como provamos no capítulo quarto, nos obriga a obedecer à sua lei, pois Cristo também foi um Legislador e nos impôs mandamentos, cuja observância é indispensável para se conquistar a vida eterna.. E a estas obras que nascem da obediência à lei de Cristo, São Paulo não chama - obras da lei - chama BOAS OBRAS: Esta é uma verdade infalível e quero que isto afirmes, para que procurem avantajar-se em BOAS OBRAS os que creem em Deus (Tito III-8). E aprendam também os nossos a serem os primeiros em BOAS OBRAS para as coisas que são necessárias, para que não sejam infrutuosos (Tito III-14). Somos feitura d'Ele mesmo, criados em Jesus Cristo para BOAS OBRAS, que Deus preparou, para caminharmos nelas (Efésios II-10). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário