quinta-feira, 28 de julho de 2016

A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ SEM AS OBRAS DA LEI - ( 2 )

     LEI NATURAL.

   Lei natural é aquela a que está sujeito todo o homem, mesmo que não tenha tido nenhum conhecimento da revelação feita por Deus, nem daquela que foi transmitida aos judeus por intermédio de Moisés, nem da revelação que nos veio por Nosso Senhor Jesus Cristo.

   Todo homem, mesmo que não professe nenhuma religião tem, contudo, a voz de sua consciência que lhe diz que não deve matar, nem furtar, nem levantar falso testemunho, nem desrespeitar pai e mãe, nem cometer adultério, nem atraiçoar o próximo etc. E esta voz da consciência o acusa e enche de remorsos, quando ele falta a estes preceitos naturais. Além disto, independentemente de qualquer doutrinação religiosa, a própria razão nos demonstra a existência de Deus, de um Ser Supremo que fez o Universo, pois todo efeito supõe uma causa capaz de produzi-lo. 

   Antes de Cristo, os gentios, que não conheciam a lei de Moisés, estavam sob este regime da lei natural, como estão ainda hoje os pagãos que nunca tiveram conhecimento de Jesus Cristo. De todos estes, tanto se pode dizer que têm a lei de Deus impressa nos seus corações pela voz da consciência, como se pode dizer também que estão sem lei, desde que se tome a palavra - lei - no sentido mais rigoroso do termo, ou seja lei escrita nos livros ou nos monumentos, lei promulgada externamente por um legislador. É neste último sentido que São Paulo assim escreve: Todos os que SEM LEI pecaram, sem lei perecerão (Romanos II-12). Porém um pouco mais adiante, o próprio São Paulo toma a palavra - lei - num sentido mais largo: Quando os gentios que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, esses tais, não tendo semelhante lei, a si mesmos servem de lei. os quais mostram a obra da LEI ESCRITA NOS SEUS CORAÇÕES, dando testemunho a eles a sua mesma consciência e os pensamentos de dentro que umas vezes os acusam, e outras os defendem, no dia em que Deus, segundo o meu Evangelho, há de julgar as coisas ocultas dos homens por Jesus Cristo (Romanos II-14 a 16). Fazem naturalmente as coisas que são da lei, quer dizer: fazem sem ter nenhum conhecimento da doutrina revelada, pelo que sabem, de si mesmos, sem revelação divina.

   Os pagãos mostravam ter conhecimento da lei natural e dela falavam abertamente. Assim é que Cícero, na sua Oração Pro Milone fala "na lei não escrita, mas inata... que nós recebemos da própria natureza". E numa tragédia de Sófocles, o personagem central Antígono se recusa a desobedecer aos "decretos divinos, que não foram escritos e que são imutáveis, não é de hoje que eles existem, eles são eternos". (Extraído do livro "LEGÍTIMA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA", autor: Lúcio Navarro). 

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