terça-feira, 15 de outubro de 2013

A CERTEZA DA SALVAÇÃO - ( 20 )

   97. O TESTEMUNHO DO ESPÍRITO SANTO (a).  

  Um exemplo manifesto do perigo desta inversão, nós o temos no modo como encaram muitos protestantes uma frase de São Paulo na sua Epístola aos Romanos (VIII-16).

  Os Romanos, a quem escreve São Paulo, estão abatidos pelos sofrimentos com que se têm defrontado após a sua conversão. Na sua inexperiência, ficam desanimados com a ideia de que talvez Deus não esteja satisfeito com eles, uma vez que lhes aparecem estas tribulações e contratempos.

  São Paulo procura soerguer-lhes o ânimo, fazendo-lhes ver que, se sofremos com Cristo, é para sermos glorificados com Ele; o sofrer é antes um sinal de que somos filhos de Deus; e o próprio Espírito Santo se encarrega de nos atestar que somos filhos de Deus (QUANDO DE FATO O SOMOS, É CLARO); e estes sofrimentos daqui da terra não são nada em comparação com a glória que Deus reserva para nós: O mesmo Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, também herdeiros; herdeiros verdadeiramente de Deus e co-herdeiros de Cristo, SE É QUE TODAVIA NÓS PADECEMOS COM ELE, PARA QUE SEJAMOS TAMBÉM COM ELE GLORIFICADOS. Porque eu tenho para mim que as penalidades da presente vida não têm proporção alguma com a glória vindoura que se manifestará em nós (Romanos VIII-16 a 18). 

  O texto grego traz SYMMARTYRÉI = COATESTA. O Espírito Santo COATESTA, isto é, atesta juntamente com o nosso espírito, confirma o que o nosso próprio entendimento ou o testemunho da boa consciência já nos vem atestando. 

  Tudo isto, porém, todo este testemunho do Espírito Santo supõe que os destinatários da carta estejam LIBERTOS DO PECADO, o que não é o mesmo que dizer IMPECÁVEIS, mas sim regenerados depois de uma conversão sincera: Libertados do pecado, haveis sido feitos servos da justiça (Romanos VI-18). Estais livres do pecado e... haveis sido feitos servos de Deus (Romanos VI-22). 

  Dizendo LIBERTOS DO PECADO, o Apóstolo não os está considerando impecáveis. Isto se vê pela insistência do mesmo em aconselhá-los a que continuem livrando-se do pecado, pois do contrário estão perdidos: Se vós viverdes segundo a carne, MORREREIS, mas se vós pelo espírito fizerdes morrer as obras da carne, vivereis (Romanos VIII-13). Não há dúvida que se trata aí de morte eterna, pois morrer, todos morrem de qualquer maneira. Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? Deus nos livre; porque uma vez que ficamos mortos ao pecado, como viveremos ainda nele? (Romanos VI-1 e 2). Não reine, pois o pecado no vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais aos seus apetites. Nem tão pouco ofereçais os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade, mas oferecei-vos a Deus como ressuscitados dos mortos, e os vossos membros a Deus como instrumentos de justiça; porque o pecado vos não dominará, pois já não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Pois quê? pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? Deus tal não permita (Romanos VI_12 a 15). O pecado não vos dominará - é a confiança de São Paulo de que os fiéis saberão corresponder à graça abundante que lhes vem na Nova Lei. Mas Deus tal não permita - exprime sempre o receio de que os cristãos queiram entregar-se voluntariamente ao pecado. 
    

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