domingo, 21 de abril de 2013

COMO SURGIU A TEORIA DA SALVAÇÃO SÓ PELA FÉ - ( 20 )

   55.  A MÁSCARA PROTESTANTE (b).

   A causa de tanta desordem, de tantas seitas no Protestantismo é precisamente esta. Cada qual se aferra a uns textos e despreza outros, procurando tirar da Escritura o que bem entende. Quem vai explicá-lo bem direitinho é o próprio pastor protestante, Alexandre Vinet, que pode falar de cátedra, pois saberá descrever mais perfeitamente do que nós, o que se passa nos arraiais protestantes:
"A palavra de Deus, não há dúvida, só pode ter um sentido em si mesma; mas terá mil sentidos no espírito do leitor... Não se procura com efeito na Bíblia toda a verdade, mas a verdade que agrade e deleite. Cada qual se lança sobre sua presa; rica e esplêndida presa, porque mesmo as verdades parciais têm na Bíblia uma beleza que as transformaria em belos erros, e a autoridade do livro lhes dá uma consagração majestosa. Insiste-se no sentido da verdade que se procurou; excluem-se ou desprezam-se aqueles que a completam, servindo-lhe de contrapeso; não se vê na Bíblia senão o que se quer; de sorte que de fato cada um tem a sua Bíblia, sustenta em seu nome e tira de seu texto os erros mais antibíblicos, e assim os caracteres, as inclinações, os homens que diferem mais profundamente entre si, se valem todos da Bíblia e o mesmo estandarte flutua para exércitos rivais" (L'Eglise et des confessions de foi, p. 29). 
   Vê-se aí, pelas palavras do próprio autor protestante, como se pode abusar facilmente do Livro Sagrado. Assim o fez Lutero, apegando-se exclusivamente àqueles textos em que se mostra a fé como necessária à salvação. Os protestantes de hoje reconhecem que Lutero errou, pois não admitem mais aquela teoria absurda, escandalosa e subversiva que foi pregada pelo iniciador da Reforma, ou seja, a salvação pela fé e SEM O ARREPENDIMENTO. 

   Mas continuam a apegar-se aferradamente aos mesmos textos e, o que é mais grave ainda, em matéria de falsa interpretação, arranjando-os, alterando-os aos seu modo. 

   Quem crê em Jesus (e se arrepende de seus pecados) se salva - crê em Jesus (e arrepende-te dos teus  pecados) e serás salvo - o que crê no Filho (e se arrepende dos pecados) tem a vida eterna. 

   Não, caros amigos! Já que vocês se aferram tão obstinadamente a estes textos e não se dão nem ao trabalho de conferi-los com os outros da mesma Bíblia, numa busca sincera da verdade, como era sua obrigação, pelo menos deveriam ter a lealdade de não mexer neles, de não alterá-los.

   -- Mas, dirão estes protestantes, nós não estamos alterando; estamos apenas subentendo uma palavra no texto de Cristo. 

   -- Muito bem! se subtendem juntamente com a palavra CRER, que está no texto, a palavra ARREPENDER-SE, que nele não se encontra, por que não subtender também todas as outras condições que, segundo as palavras claras de Cristo, são igualmente indispensáveis para a salvação? Os textos falam da fé em Cristo, não é verdade? E fé em Cristo não é acreditar em todas as palavras de Ele disse?

   E que arranjos são estes com os textos das Escrituras? como é que os textos que serviam ao Protestantismo no tempo de Lutero, de Calvino e dos Primeiros Reformadores, para provar que só a fé é quem salva, sem o arrependimento ser necessário, estes mesmos textos servem agora ao mesmo Protestantismo para provar que para a salvação é necessária a fé e é necessário também o arrependimento, se estes textos não falam em arrependimento? 

NOTA: Temos visto protestantes que, tentando acobertar a incoerência do seu sistema, querem agora valer-se de uma fórmula inteiramente imaginária: "A fé e o arrependimento sempre andam juntas; são duas graças gêmeas. Quem crê, se arrepende; quem se arrepende, crê".
   Mas isto não é verdade, ou se tome a fé no sentido protestante ou no sentido católico. Que é a fé, segundo o conceito dos protestantes? É a confiança de ser salvo por Jesus. Pode haver esta confiança de salvar-se, sem haver a contrição. Será uma confiança AINDA MAIOR,  a de que Jesus nos salve sem exigir de nós o arrependimento, mas uma confiança que excede os seus justos limites. Aqueles que chegarão, no dia do juízo, CERTOS DE SEREM SALVOS POR JESUS, mas a quem o Divino Mestre dirá: Apartai-vos de mim os que obrais a iniquidade (Mateus VII-23), por que serão condenados eternamente, senão porque lhes faltou o arrependimento de seus pecados? Bem como, pode haver o arrependimento sem haver esta confiança, como se viu no caso de Judas que tocado de ARREPENDIMENTO, tornou a levar as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos (Mateus XXVII-3) e no entanto levado pelo desespero, destituído de qualquer confiança de salvar-se,  retirou- se e foi-se pendurar de um laço (Mateus XXVII-5).
   Se se toma a fé no sentido católico, o de ACREDITAR nas verdades reveladas, também é evidente que esta fé pode existir sem arrependimento, como é o caso daqueles que creem nas verdades da fé sem ter coragem de deixar o pecado; e o arrependimento pode existir sem a fé, é o que se observa naqueles que detestam de coração seus próprios crimes e desatinos e têm firme propósito de emenda, mas ainda não se abalançaram a acreditar em todos os dogmas ensinados por Cristo.

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