domingo, 6 de janeiro de 2013

Duas NOTAS relativas ao Post anterior

(1) - Aqui naturalmente perguntarão os protestantes: E os católicos também não ensinam que FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO? Logo, segundo eles, também todos os pagãos se condenam, pois estão fora da Igreja. 
   - É preciso que se tome bem em consideração o sentido que o Catolicismo empresta a esta fórmula: FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO.

   A mesma Igreja que ensina, como veremos, (nº 22) que o Batismo é indispensável para a salvação, mas afirma também que o Batismo de água pode ser suprido pelo Batismo de desejo, ou seja, a reta consciência naqueles que não conhecem o Sacramento do Batismo, e que ensina que, em caso de impossibilidade, a Confissão sacramental pode ser suprida pelo ato de contrição perfeita, ensina igualmente que se pode pertencer à Igreja ou realmente ou EM VOTO. Ou, para usar uma linguagem mais acessível a todos, pode-se pertencer a ela PELO CORAÇÃO. Aqueles que de BOA FÉ estão separados da Igreja, mas buscam sinceramente a verdade e querem do íntimo da alma servir a Deus e realmente o fazem, obedecendo aos ditames da própria consciência, pertenceriam a Igreja Verdadeira, como devotados fiéis, se dela tivessem suficiente conhecimento. São, portanto, filhos seus, que ela não conhece; pertencem à ALMA DA IGREJA; fazem lá a seu modo, na sua ignorância, o que ela quer que todos façam: servir a Deus de todo o coração. Por isso disse o Papa Pio IX: "Aqueles que estão em ignorância invencível a respeito de nossa Santa Religião, mas observem fielmente os preceitos da lei natural gravados por Deus no coração de todos e, prontos a obedecer a Deus, levam uma vida proba e honesta, podem, pela luz divina e pela operação da graça, obter a vida eterna: porque Deus penetra, perscruta e conhece os corações, os espíritos, os pensamentos e a conduta. Em sua bondade e clemência supremas, não consentirá jamais em punir com suplícios eternos um homem que não é culpável de falta voluntária" (Encíclica Quanto conficiamur).
   Mas aqueles que receberam a luz da revelação cristã têm obrigação de conhecer a Verdadeira Igreja que Cristo fundou e de pertencer a ela; estar deliberadamente separado da Igreja de Cristo é o mesmo que estar separado de Cristo, pois Cristo é a cabeça da Igreja (Efésios V-23). Se alguém não ouvir a Igreja, tem-no por um gentio ou um publicano (Mateus XVIII-17). 
   Desta possibilidade de salvar-s o pagão, baseada em que Deus dá a todos a graça suficiente para a salvação, não se conclui absolutamente que seja inútil a pregação do Evangelho: 1º porque a Igreja recebeu a incumbência de pregar o Evangelho a toda a criatura, de levar a todos o conhecimento da verdade; 2º porque a pregação da doutrina de Cristo vai excitar ao arrependimento muitos pagãos que se acham de má fé ou mergulhados no pecado e que assim se encontra francamente no caminho da condenação; 3º porque estes próprios que observam fielmente a lei natural e que não parecem ser em grande número podem, com a abundância de meios sobrenaturais que a Igreja lhes oferece, fortificar-se ainda mais na graça e atingir uma melhor perfeição, para maior glória de Deus.

( 2 ) - Quando diz: como crerão àqueles que não ouviram? e como crerão sem pregador?, São Paulo toma a fé no sentido restrito da palavra, fé NAS VERDADES REVELADAS, as quais não são conhecidas onde não foi anunciada ainda a palavra de Deus. E quando diz: Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que o que se chega a Deus creia que há Deus e que é remunerador dos que O buscam (Hebreus XI-6), S. Paulo toma a fé em um sentido lato, a crença em verdades QUE PODEM SER ATINGIDAS PELA PRÓPRIA RAZÃO HUMANA, a qual não só pode provar a existência de Deus, mas também chegar à ideia de sua justiça, bondade e perfeição. Aliás, ele estava falando naquele momento (Hebreus XI-4 e 5) em Abel e Henoque, os quais viveram num tempo em que não haviam sido feitas ainda as revelações transmitidas a Abraão, a Moisés e aos profetas. 
   Ora, nós católicos, admitimos que a todos os homens que gozam do uso da razão a guarda dos mandamentos é indispensável para a salvação; a fé em Cristo Remunerador, ou seja, a fé em sentido lato, é indispensável mesmo para aqueles que nunca ouviram falar em Cristo. Mas a mentalidade dos protestantes é inteiramente outra; tomam as palavras evangélicas: Quem crê em Jesus se salva, quem não crê se condena (as quais se referem naturalmente àqueles a quem o Evangelho é anunciado) no sentido de que quem não ouve a pregação do Evangelho está irremediavelmente perdido; quem aceita o Evangelho está salvo com toda a certeza. Sim, porque eles veem como caminho para o Céu, pura e exclusivamente CRER EM JESUS. Obras, absolutamente não! Mas se crer em Jesus é, segundo eles, CONFIAR QUE JESUS NOS SALVA,  eis aí um sentimento que é inteiramente incapaz de ter aquele que ainda não foi devidamente instruído a respeito da doutrina do Evangelho. 

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