sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A SALVAÇÃO PELA FÉ - ( I )

Observação: Transcreveremos, se Deus quiser, em vários posts, a PRIMEIRA PARTE do Livro "LEGÍTIMA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA" escrito por LÚCIO NAVARRO. 
CAMPANHA DE INSTRUÇÃO RELIGIOSA
BRASIL-PORTUGAL
RECIFE
1958

CAPÍTULO PRIMEIRO
DESMANTELO E DESEQUILÍBRIO DA TEORIA PROTESTANTE

A TESE DO PASTOR.
   1. Bem se pode imaginar com que ânsia, emoção e contentamento o nosso amigo, pastor protestante, se aproximou do microfone, para fazer a sua dissertação pelo rádio, naquele dia. Tratava-se de uma mensagem sensacional, que ele pensara em transmitir. O seu objetivo era nada mais, nada menos que dar uma bonita rasteira em todas as religiões do mundo, sem respeitar nem sequer a Santa Igreja Católica Apostólica romana, ficando de pé exclusivamente a doutrina dos protestantes. Para isto, idealizou o jovem e fervoroso pastor a argumentação seguinte:
   Todas as religiões ensinam que o homem se salva pelas suas próprias obras; o Protestantismo, ao contrário, ensina que o homem se salva pela fé. Ora, sabemos que a Bíblia é a palavra de Deus revelada aos homens; palavra infalível, porque Deus não pode errar. E a Bíblia em inúmeros textos afirma que o homem se salva pela fé. Logo, se vê pela Bíblia que o Protestantismo é a única religião verdadeira, e assim está refutada a doutrina perigosa (perigosa, sim, foi o que disse o pastor, e é o que dizem, em geral, os protestantes) a doutrina perigosa de que o homem alcança a salvação pelas suas obras.

TEXTOS EVANGÉLICOS.

  2. Não vamos aqui logo repetir todos os textos citados pelo pastor em abono de sua tese, porque temos que analisá-los cuidadosamente mais adiante (capítulos 4º a 8º), não só os apresentados por ele, senão também outros alegados pelos seus colegas sobre o mesmo assunto. Queremos apenas dar uma amostra de como os textos eram mesmo de impressionar o desprevenido ouvinte que não tivesse um conhecimento completo da verdadeira doutrina do Evangelho. Veja-se, por exemplo, o seguinte trecho do Evangelho de S. João: Assim amou Deus ao mundo, que lhe deu a seu Filho Unigênito, para que TODO O QUE CRÊ N'ELE NÃO PEREÇA, MAS TENHA A VIDA ETERNA, porque Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. QUEM N'ELE CRÊ NÃO É CONDENADO, MAS O QUE NÃO CRÊ JÁ ESTÁ CONDENADO, porque não crê no nome do filho Unigênito de Deus. (João III - 16 a 18). Textos como estes que asseveram tão abertamente - quem crê em Jesus se salva, que não crê se condena - seriam suficientes para convencer qualquer pessoa: 1º se nã  fosse tão ímpio, tão absurdo, e, portanto, tão indigno dos lábios de Jesus o que se quer provar com eles, ou seja, a doutrina de que, para o homem salvar-se, basta que tenha fé em Cristo e nada mais; 2º se não houvesse outros textos, igualmente claros, dos Evangelhos, para nos provar a necessidade das boas obras para a conquista do Céu, como este por exemplo: Bom Mestre, que obras boas devo eu fazer para alcançar a vida eterna? ... SE TU QUERES ENTRAR NA VIDA, GUARDA OS MANDAMENTOS (Mateus XIX -16 e 17). 

CONCILIAÇÃO DOS TEXTOS.

   3. É claro que fazer uma boa interpretação da Bíblia não consiste em aferrar-se alguém a uns textos, desprezando, esquecendo, refutando, podo de lado outros, igualmente valiosos: tudo quanto está na Bíblia é palavra de Deus. A interpretação imparcial, conscienciosa, legítima, procura harmonizar inteligentemente os textos das Escrituras. E é bastante tomar na devida consideração as duas afirmativas - quem crê em Jesus se salva, quem não crê se condena - para entrar na vida eterna, é preciso guardar os mandamentos - para se chegar à conclusão de que para a salvação eterna, tanto é necessária a fé nas palavras de Cristo, como a obediência aos mandamentos divinos. É o que nos ensina a Igreja Católica, a qual não afirma que o homem se salva só pelas obras, como queria fazer crer o nosso amigo, pastor protestante, baseando a sua argumentação em que todas as religiões assim o ensinam; segundo a teologia católica, a fé no ensino de Cristo que nos é apresentado é também indispensável. Vê-se logo por aí quanto a doutrina da Igreja é desconhecida, até mesmo por aqueles que ardorosamente a combatem. Temos, portanto que expor (e o faremos no capítulo seguinte) a doutrina católica sobre o assunto, máxime porque ele fala de um terceiro elemento, importantíssimo e igualmente indispensável à salvação, como seja, o auxílio da graça de Deus, explicado este ponto, se esclarecem muitos textos da Escrituras que tanta confusão provocam na cabeça dos protestantes. 

Um comentário:

  1. "... desprezando, esquecendo, refutando, podo de lado outros, igualmente valiosos...".
    "podo" no lugar de pondo.

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