sábado, 9 de agosto de 2014

Jesus pregando Retiro aos seus sacerdotes - ( XII )

Jesus, amor dos sacerdotes

   
   Eu amo todos os homens com ternura. Morri por todos com uma sede inexprimível da sua salvação. E estaria pronto a morrer ainda por cada um deles em particular, se esta prova de amor pudesse abrandar a dureza do seu coração.
   Mas, meu sacerdote, meu filho, amo-te mais do que aos outros e quero que o saibas e que me dês em retorno mais amor que os simples fiéis.
   Não te chamo meu servo, mas sim meu amigo, porque te confiei todos os meus segredos.
   Que pena me causarias, se só tivesses para mim a frieza e o temor servil!
   Esgotei todos os recursos ao meu alcance para te provar a terna afeição que te tenho. Consegui ganhar toda a tua confiança?
   Escolhi-te desde a eternidade e separei-te do resto dos homens; fiz-te participante do meu sacerdócio e revesti-te do meu poder, adornando-te de todas as virtudes e confiando-te a minha honra. Entreguei à tua guarda as minhas ovelhas compradas com  o meu sangue, e encarreguei-te de povoar o meu céu.
   Que mais podia eu fazer pela minha vinha eleita?
   Não tenho eu então direito, depois de tudo isto, a exigir só para mim todo o amor do teu coração?
   E não me prometeste no dia da nossa aliança que me tomarias como a sorte da tua herança?
   Que tristeza para mim se profanas esta amor, prodigalizando-o, com desprezo da minha lei, a criaturas indignas!
   O teu coração sacerdotal deve ser jardim fechado, fonte selada, Santo dos santos, onde tão somente o Sacerdote eterno tem o direito de entrar.
   Eu amo os sacerdotes. Sobre a sua cabeça acumulei carvões ardentes para que não possam negar-me o seu amor.
   Vou pelo mundo a fora como um mendigo, chamando a todas as portas e pedindo a esmola de um pouco de amor. Mas chamo com mais insistência à porta dos meus sacerdotes muito amados. Como poderão eles negar ao seu Jesus o acolhimento quente do seu amor?
   Amiúde, fatigado pelo longo caminhar, sento-me à beira do caminho como outrora junto do poço de Jacob à espera de ver passar perto de mim uma alma sedenta, para lhe poder oferecer a água da minha graça que jorra para a vida eterna. 
   E que felicidade para mim, quando encontro um sacerdote desejoso de haurir o amor na fonte do meu divino Coração!
   Tenho sede do amor dos homens e vim à terra em busca deste amor.
   Oh, no Céu estou cercado de anjos e de santos que me amam com um amor puro e sem mistura!. Mas na terra os meus altares estão cercados de legiões de sacerdotes que podem amar-me com um amor livre e espontâneo. Podem ajudar-me a encontrar as almas criadas à minha imagem, e tudo sacrificarão para me darem prazer.
   Oh, com eu me sinto atraído a esta terra onde tanto amei e tanto sofri!
   Meu filho, ajuda-me a formar almas que sem reservas se entreguem a mim. Dize-lhes que se tiverem confiança na minha bondade, me darei a elas para sempre, mil e mil vezes, com uma ternura e com uma solicitude cuja delicadeza estão longe de suspeitar!
   Meu Pai vê-se extremamente desonrado pelos homens pecadores. E eu sinto por estes ultrajes uma pena indizível, porque sou seu único Filho e o amo infinitamente.
   Por todo o decorrer do dia sobem ao meu Pai muito amado blasfêmias sem conta, injustiças e impurezas inúmeras.
   Porém, nenhum mal fez aos homens. Só bem lhes fez!...
   Compreendes agora o meu desejo de reparar a honra deste Pai divino, destruindo o pecado, como de o compensar trazendo-lhe aos pés os seus filhos rebeldes?
   Compreendes a paciência e a misericórdia de que uso com os pecadores, não obstante as suas quedas repetidas?
   E não queres tu, meu sacerdote, ajudar-me a consolar o meu divino Pai?
   Os pecadores convertidos são minha conquista e minha glória junto do Pai. São as minhas delícias, quando, após tanta ingratidão, compreendem por fim o meu amor e me permitem fazer-lhes bem.
   Meu Padre, ajuda-me a convertê-los. Dize-lhes que pecado algum, por enorme que seja, pode deter a minha misericórdia, desde que o pecador se arrependa e confesse as suas fraquezas.
   Dize-lhes que, se vierem com a consciência carregada de pecados sem número e trouxerem a alma vermelha como o escarlate, num momento lhes devolverei a candura da lã mais branca, sempre que venham com o coração humilhado e contrito.
   Eu amo os homens. Sem mim não têm paz nem felicidade e espera-os uma desgraça eterna. Oh, como eu quereria prendê-los nos laços do meu amor para os impedir de caírem no inferno!
   E que decepção a minha, quando apesar dos meus esforços escapam das minhas mãos e resvalam por entre as malhas da minha graça para se precipitarem voluntariamente no abismo!
   Oh, meu filho, e que ardente serias em me ajudares no meu empenho, se compreendesses o que é uma alma criada à minha imagem e o que é o inferno eterno!
   Prega por toda a parte o amor que eu tenho às almas. Repete sem cessar aos fiéis quanta é a minha bondade e a minha compaixão com os pecadores, bem como a misericórdia inexaurível da minha Mãe para com todos os homens. Dize-lhes que todo o Céu está em festa, quando volta aos meus pés um só filho pródigo que for.
   Mas, meu filho, promete-me tu mesmo que me hás de amar mais do que os outros. como poderia eu com alma tranquila confiar-te o que me é mais caro no mundo, as minhas ovelhas queridas, não sabendo que és meu inteiramente?
   Repete-me amiudadas vezes com o apóstolo Pedro: "Sim, Senhor, amo-vos; Vós bem sabeis que vos amo".

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