sexta-feira, 18 de julho de 2014

A alma em colóquio com Jesus na Eucaristia - ( III )

   A alma: Ó Jesus, meu perpétuo Benfeitor, eu Vos amo e dou-Vos graças. Vim hoje à Vossa presença para expor-Vos mais um temor que me aflige. Estou achando que é inútil, pois, por mais que eu faça, não consigo preparar-me como desejo. Tenho o espírito entorpecido, e o coração é como uma pedra de granito, duro e frio. Não sinto nada, meu Jesus Sacramentado; nem um pouco de ternura, nem a mínima consolação... Vejo realmente, ó meu Jesus, que hoje não quereis que eu comungue; porque compreendo também eu, que coisa podereis fazer dum coração apático, insensível e frio? Não procurais Vós porventura corações inflamados de amor? 

   Jesus: Também tu, minha filha, és do número daquelas almas iludidas que fazem consistir a virtude no sentimento, e que se julgam quase santas porque estão cheias de ternura sensível? Mas, dize-me, quando foi que a fé, a esperança e a caridade, a humildade, a contrição e semelhantes virtudes, para existirem houveram, necessidade de ser sentidas com ternura, ou deveram quase fazer chorar de emoção? Tu não sentes nada? Pouco importa. Crês em mim? Esperas em mim? Amas-me? Estás arrependida de me teres ofendido? Estás disposta a fazer sacrifícios por meu amor? Se assim é, não te importe mais nada, e vem à Comunhão. Quanto menos de satisfação sensível tiver o teu coração, tanto mais terá o meu; e na Comunhão o primeiro, entre nós ambos, que deve ser contentado sou eu... não acha? Não sentes nada? Tanto melhor! Assim comungarás com o coração mortificado, e com maior retidão de intenção. O que eu de preferência desejo encontrar em ti não é a sensibilidade, mas a disposição a renunciar a tudo., mesmo a ti própria, para me dares mais satisfação. Quando tu podes dizer-me que depois da última Comunhão tens feito alguns atos de humildade, de paciência, de caridade; que tens feito o possível por cumprir bem os teus deveres, e que tens sofrido alguma coisa por mim, então podes vir sem temor algum, porque me serás mais cara, e eu te concederei maiores graças do que se te visse desfeita em um mar de lágrimas da mais terna doçura. 

   A alma: Meu doce Jesus, com a vossa graça quero fazer todo possível para nunca me procurar a mim mesma nos exercícios de piedade e nas práticas de virtudes,  mas somente a Vós. Não quero, e reconheço que não mereço consolações. Peço a Vós esta graça: amar-Vos de verdade, com doçura, ou sem ela. O que importa é dar-Vos gosto. Amém!

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