quinta-feira, 1 de setembro de 2016

PROFISSÃO DE FÉ - (continuação e término)

   CONFESSAMOS que o Reino de Deus, começado aqui na terra na Igreja de Cristo, não é deste mundo, cuja imagem passa; que o seu crescimento próprio não pode ser confundido com o progresso da civilização e da ciência, ou da técnica humanas; mas consiste em conhecer sempre mais profundamente as insondáveis riquezas de Cristo, em esperar sempre mais ardentemente os bens eternos, em responder sempre mais decididamente ao Amor de Deus, e em distribuir sempre mais largamente a graça e a santidade entre os homens. Mas é este mesmo Amor que leva a Igreja a preocupar-se constantemente com o verdadeiro bem temporal dos homens. Não cessando de recordar aos seus filhos que eles não possuem aqui na terra morada permanente, insistentemente os incita a contribuírem, cada um segundo a sua vocação e os seus meios, para o bem da cidade terrestre, a promoverem a justiça, a paz e a fraternidade entre os homens e a proporcionarem a ajuda aos seus irmãos, principalmente aos mais pobres e aos mais infelizes. A grande solicitude da Igreja, Esposa de Cristo, pelas necessidades dos homens, pelas suas alegrias e esperanças, pelas suas penas e esforços., não é senão a expressão do seu ardente desejo de lhes dar a sua presença para iluminá-los com a luz de Cristo e reuni-los todos n'Ele, seu único Salvador. Tal solicitude não significa absolutamente que a Igreja se conforme com as realidades deste mundo, ou que perca o ardor da expectativa do seu Senhor e do Reino eterno.

   CREMOS na vida eterna. Cremos que as almas de todos os que morrem na graça de Cristo, quer se devam ainda purificar no Purgatório, quer sejam recebidas por Jesus no Paraíso, no mesmo instante em que deixam os seus corpos, como sucedeu com o Bom Ladrão, formam o Povo de Deus, para além da morte, a qual será definitivamente vencida no dia da Ressurreição, em que estas almas se reunirão aos seus corpos.

   CREMOS que a multidão das almas que já estão reunidas ao redor de Jesus e de Maria, no Paraíso, formam a Igreja do céu, onde, na eternidade feliz, vêem a Deus como Ele é ( 36 ), e onde são também, em graus diversos, associados aos santos Anjos no governo divino exercido por Cristo glorioso, intercedendo por nós e ajudando a nossa fraqueza com a sua solicitude fraterna ( 37 ).

   CREMOS  na comunhão de todos os fiéis de Cristo: dos que ainda peregrinam sobre a terra, dos defuntos que ainda estão em purificação e dos bem-aventurados do céu, formando todos juntos uma só Igreja. E cremos que nesta comunhão o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre pronto para ouvir as nossas orações, como Jesus nos disse: "Pedi e recebereis" ( 38 ). Assim, com fé e com esperança, nós aguardamos a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. 

   Bendito seja Deus, três vezes Santo. Amém.


   Vaticano, Basílica de S. Pedro, 30 de Junho de 1968.
                                                                   
                               PAULUS PP. VI

   NOTAS: ( 36) Cfr. I Jo. 3, 2; Dz-Sch. 1000.  -  ( 37 ) Cfr. Lumen Gentium 49.  -  ( 38 ) Cfr. Lc. 10, 9-10; Jo. 16, 24.

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