quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O SANTO ROSÁRIO - (continuação).

   4. Na recitação do Têrço se aumenta em nós a fé, quando contemplamos a vida oculta, pública e gloriosa de Jesus Cristo, que é o "autor e consumador de nossa fé" (Hebr. XII, 2), e exteriormente por meio de orações vocais manifestamos que cremos em Deus nosso Pai providentíssimo; que cremos na vida eterna, na remissão dos pecados e nos mistérios da augustíssima Trindade, da Encarnação, da maternidade divina de Nossa Senhora e de outros; "de modo que, ao recitarmos bem o Rosário, sentimos em nossa alma uma unção suavíssima, como se ouvíssemos a própria voz da Mãe celestial, que amavelmente nos ensina os divinos mistérios e nos indica o caminho da salvação". (Leão XIII).

   5. Pela recitação do Rosário aumenta-nos a esperança de por Maria Santíssima obtermos a abundância da divina misericórdia: pois são justamente os mais importantes mistérios da Redenção, em que Maria apresenta no seu papel de Corredentora: assim na Encarnação, na santificação do Batista, Precursor do Nascimento de Jesus, na apresentação do Menino Jesus no Templo e no encontro do jovem Jesus entre os doutores. Enquanto recitamos o Têrço, mentalmente acompanhamos a Mãe do Redentor no acerbo caminho da cruz, vemo-la, no altar do monte Calvário, unir ao sacrifício de seu Filho; no têrço glorioso a nossa mente se prende à pessoa de Nossa Senhora e medita a fase de sua vida depois da Ressurreição, até sua gloriosa Assunção e Coroação no céu.

   6. Pela recitação do Terço acende-se em nosso coração a caridade, o amor, a gratidão a Jesus e Maria, que tanto fizeram pela nossa salvação. Ao mesmo tempo desperta em nossa alma o desejo de seguir-lhes as pegadas e pertencer-lhes inteiramente. O nosso espírito enleva-se na contemplação dos grandiosos exemplos que se nos deparam nas pessoas de Jesus e Maria. Ele, ansioso por fazer o vontade de seu Pai; ela, fazendo sua consagração perpétua de serva do Senhor.

   7. Três males afligem a sociedade moderna: a aversão a uma vida modesta e laboriosa, a repugnância pelo sofrimento, o esquecimento dos bens futuros. No Rosário encontramos um remédio salutar contra estes três males gravíssimos (Leão XIII). Os mistérios gozosos apresentam-nos na Sagrada Família o modelo perfeitíssimo da vida doméstica: pureza e simplicidade de costumes, perfeita e perpétua harmonia dos ânimos, ordem jamais perturbada, respeito e amor recíprocos, amor e dedicação ao trabalho para poder fazer algum bem ao próximo, tranqüilidade do espírito e alegria da alma, companheiros inseparáveis da consciência reta e bem formada.
   Nos mistérios dolorosos vemos Jesus Cristo entregue a uma tamanha tristeza, que o corpo se lhe cobriu de suor de sangue; vemo-lo preso a modo dos malfeitores, submetido a um julgamento de celerados, maldito, ultrajado, caluniado; vemo-lo preso à coluna da flagelação, coroado de espinhos, pregado na cruz, julgado indigno de ter vida; sua morte é impetuosa e sacrilegamente exigida pelo povo. Com os sofrimentos do Filho unem-se os sofrimentos de sua Mãe Santíssima. O Coração de Maria, apesar de não ser ferido, é transpassado por uma espada de dor, e o título de Mãe dolorosa é a expressão da verdade. Assim o Têrço nos ensina que indigno de usar o nome de cristão é todo aquele que se nega a levar a cruz de sua vida.
   Nos mistérios gloriosos se nos revelam os altos ideais do céu, infinitamente superiores aos bens transitórios e falazes deste mundo. O Têrço glorioso nos faz compreender que a morte não é o cutelo que tudo corta e destrói, mas a passagem desta vida à outra. Ensina-nos que o caminho para o céu é estreito para todos, e diante de nós vemos Nosso Senhor, que nos conforta com a promessa deixada aqui na terra: "Eu vou, para vos preparar um lugar". - Vemos mais, que tempo virá em que Deus enxugará as lágrimas dos nossos olhos e não haverá mais luto, nem lamento, nem dor, mas viveremos em Deus Nosso Senhor, feitos semelhantes a Ele, pois o veremos como é, inebriados pela torrente das suas delícias, concidadãos dos Santos, na companhia felicíssima de nossa Rainha, nossa Mãe Maria, Uma alma que se eleva a tais sentimentos, inflama-se de tal maneira no amor de Deus, que com Santo Inácio de Loiola chega a exclamar: "Oh! como é desprezível a terra, se a comparo com o céu!" e consola-se com a palavra do Apóstolo: "um sofrimento leve e instantâneo importa-nos glória eterna".
   Com efeito, o Rosário mostra-nos a único meio de unirmos o tempo à eternidade, a cidade terrena à cidade de Deus. É o único meio de formar caracteres generosos e magnânimos. 
   

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