terça-feira, 25 de outubro de 2011

Jesus se oferece como Vítima

   A OBLAÇÃO DA VÍTIMA: Como já dissemos, no mesmo instante em que o Filho de Deus se encarnava no seio virginal de Maria Santíssima, era constituído Sacerdote Soberano. Sabendo que os sacrifícios da Lei Antiga não podiam glorificar ao Pai como Ele o merece, Jesus Cristo apresenta-se diante d'Ele e oferece-se como vítima. Assim começa o primeiro sacrifício verdadeiro e digno deste nome: sobre o altar puríssimo do coração de Maria Santíssima, o Verbo Encarnado oferece, como sacrificador, uma vítima, e esta vítima é Ele mesmo. Jesus oferece-se inteiramente: corpo e alma. É o seu corpo que um dia imolará na cruz e que, até que chegue o seu dia, vai sacrificando pela prática da mortificação. É a sua alma, com todos os seus pensamentos, desejos, afetos, volições, que não cessará de imolar sob a espada da obediência até o dia em que, no Calvário, completará o seu sacrifício pelo supremo ato de amor. "Aniquilou-se a si mesmo, tomou a forma de servo e fez-se obediente até a morte, e morte de cruz". Toda a vida de Jesus será uma cruz e um martírio voluntários. Será mártir desde o momento da Encarnação. Seu primeiro olhar é para o Pai, a quem constantemente oferece, em seu nome, os mais perfeitos atos de religião e expiação. O seu segundo olhar é para nós: olhar de comiseração e amor para com os pecadores, que vem salvar com o seu sangue; olhar de afetuosa ternura para os justos, que ama já como membros do seu corpo místico e nos quais deseja crescer e aumentar para lhes comunicar os tesouros da sua vida divina. Por todos eles, Cristo oferece ardentes súplicas, que são ouvidas em virtude da dignidade da sua pessoa, (Heb. V, 7). Maria Santíssima, que traz em seu seio puríssimo o Verbo Encarnado, já começa a exercer o seu papel de colaboradora secundária na obra da nossa Redenção; e também o papel de Medianeira de todas as graças.
   Depois de nove meses, Jesus nasce e os seus não o receberam, diz São João, I, 2). Já São Lucas constata dolorosamente que Jesus nasce num estábulo, porque não havia lugar para sua Mãe e para Ele na hospedaria. (S. Luc. II, 7). Assim, ao chegar ao mundo já sofre o frio da estação e o dos corações da maioria. Sofre a penúria da pobreza e mais ainda a ingratidão dos homens. E não cessará de ser vítima. No dia da Circuncisão, cerimônia humilhante e dolorosa, derrama as primeiras gotas de sangue para confirmar a intenção de o derramar um dia até à última gota por nós. Perseguido por Herodes, é obrigado a tomar o caminho do exílio e quando, após a morte do tirano, regressa à Palestina, é para se encerrar numa pobre casa de Nazaré, aldeia desconhecida da Galileia, e passar aí trinta anos na obscuridade, na obediência, no trabalho manual, de tal modo escondido, que os compatriotas o olham como um vulgar carpinteiro. A sua vida pública não será, com exceção de algumas alegrias e sucessos passageiros, senão um longo martírio. Desde o início que os Fariseus e os Escribas O perseguem, a princípio com suspeitas, depois, com inveja e ódio; armam-Lhe constantes ciladas, procuram contrariar a sua influência sobre o povo. Se, na verdade, consegue fazer alguns discípulos fiéis e converter alguns pecadores insignes, não há dúvida de que a massa do povo permanece indiferente ou hostil, porque não pode reconhecer o Messias glorioso tão ansiosamente esperado, num jovem Rabi tão humilde e tão modesto, que em vez de conviver com os grandes e preparar o triunfo temporal do seu povo, visita os humildes, os aflitos, os pobres, os publicanos e os próprios pecadores. Como devia ter custado a Jesus ver-se assim incompreendido e desprezado, apesar de tantos milagres, que eram outros tantos sinais que provavam a divindade da sua missão e da sua pessoa! Mas, caríssimos leitores, tudo isto não era mais do que o prelúdio do autêntico sacrifício. Jesus será imolado como vítima. É o que veremos, se Deus quiser, na próxima postagem.  

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